sexta-feira, 24 de abril de 2009

O poder supremo

A façanha já rodou o mundo milhares de vezes. Está lá na internet pra quem quiser conferir e é realmente fascinante a lição que a escocesa de quarenta e sete anos, Susan Boyle, nos dá. Uma pessoa passa trinta e cinco anos esperando uma oportunidade para apresentar seu talento e chega desacreditada porque a “embalagem”, não agrada nem seduz. Que lição para nossas vidas!
Mas você pensa que a moral da estória é “não julgue o livro pela capa”?
Não meu amigo, não é esta a lição. A lição que me refiro é sobre o poder que a mídia tem sobre nossas vidas. O poder dos meios de comunicação é incontestável.
A armação que encanta
No caso de Susan Boyle, não me contive apenas em rodar o vídeo que um amigo me mandou. Prestei atenção na letra da canção (do musical “Os Miseráveis”, baseado na obra de Vitor Hugo). A música tem tudo a ver com o momento que Susan vive. Foi escolhida a dedo para preparar o apoteótico final.
Pesquisei um pouco mais e encontrei outro vídeo, do vencedor de dois anos atrás do mesmo programa, e ele também era o patinho feio, aquele que ninguém esperava que triunfasse. E cantou o quê? Nessun dorma, da ópera Turandot, de Puccini, onde o protagonista, em seu ápice, brada, “vencerei, vencerei!”.
Nada mais apropriado para quem tem que provar que é bom.
Queremos nos enganar
O pior é que toda esta mídia, esta grande indústria de emoções não faz isso por vontade própria. Nós é que queremos nos enganar. Entregamos a um bom tempo nossas vidas à tutela dos veículos de comunicação. Escândalos, crises, consciência coletiva, tudo isso é magistralmente regido pelo último bastião da ética e da moral: a Comunicação.
Literalmente borram suas calças
Esqueça os grandes conglomerados financeiros, os donos do dinheiro. Esqueça dos governos, dos poderosos países que comandam o mundo. Esqueça também dos políticos que todos temem. Todos eles morrem de medo da mídia, seja ela falada, escrita ou televisionada. Os meios de comunicação é que detém o poder máximo. O poder de estar com seus olhos e ouvidos em qualquer lugar. E quem conhece o poder da mídia, literalmente borra suas calças, para não dizer coisa pior.
Pra frente e pra trás
Bem que a prefeitura poderia aproveitar o novo bulldozer que adquiriu para o lixão e alargar a estrada para Itapuã, que está cada vez mais estreita. Se não me engano, a última vez que deram uma grande arrumada naquela estrada foi na administração do Tapir. Uma alargadinha viria bem a calhar. É muito investimento só pra ficar empurrando lixo.
Algodão nos ouvidos
Se o Dickow ficou impressionado com a poluição sonora no feriado, em pleno Centro de Viamão, deveria dar uma passadinha na Avenida Liberdade, nos domingos à noite. Aquilo sim é que é poluição sonora. O pior é que a potência dos autofalantes é inversamente proporcional à qualidade das músicas.
E enquanto se espera a fiscalização de algum órgão competente, só nos resta encher nossos ouvidos de algodão.
Vereador eclético
Um vereador de Viamão, sempre preocupado em manter boas relações com o eleitorado, topa qualquer parada, com o objetivo de aparecer. Quando sua assessoria marcou um encontro com um grupo de profissionais da saúde, o nobre edil já chegou lascando:
- Eu entendo as agruras que vocês estão passando, eu também já trabalhei em hospital - disse o vereador da ponta de uma mesa de reuniões lotada.
Mais adiante, com estudantes de uma escola, se mostrou solidário às reivindicações por conta da carteirinha escolar...
- Eu já fui estudante, conheço bem as dificuldades. Despejou, já partindo para outro compromisso da agenda.
Chegou ao sindicato dos motoristas e sacou do bolso a carteira de motorista, categoria D, reluzente e, demagogo que só ele, desfiou o terço:
- Sei como vocês sofrem nas estradas, já fui motorista profissional – o que mais poderia se esperar do oportunista.
Restava só mais uma reunião para cumprir a agenda e quando chegou ao local marcado, o vereador viu que se tratava de um encontro com um grupo gay. Aí não se conteve e disparou contra a sua assessoria:
- Ah! Vão tomar no...
Coluna publicada em 25 de abril de 2009.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Resisto

Alguns amigos há algum tempo pedem que eu abasteça diariamente o blogue que reúne as colunas que escrevo aqui no DV. Resisto, até porque os índices de acesso ainda são pequenos.
Maurício Della Cesare, leitor do Diário escreveu rebatendo que, se escrevesse todos os dias com certeza teríamos mais visitas à página eletrônica. Para o leitor ter uma idéia, eu e o Dickow começamos nossos blogues quase ao mesmo tempo. O do Alemão já beira os dez mil acessos, enquanto o meu, agora é que ultrapassou as mil visitas. Uma distância abismal que não me encoraja, pelo menos por enquanto. Mas uma alternativa está sendo projetada, meu caro Maurício. Não desanime.
SESC
Ataídes Duarte manda email para subsidiar a minha análise sobre a parceria entre a prefeitura e o SESC, para trazer uma sede da segunda entidade para Viamão. Ele diz que o SESC é uma organização muito forte, que se mantém com volumosos recursos do famoso Sistema S (SENAI, SENAC, SENAT, e por aí vai) e que não precisa de apoio, nem da doação de terreno da prefeitura, algo que, segundo ele, os vereadores deveriam fiscalizar. Lembrou ainda que a prefeitura, como empregadora também contribui com o Sistema S.
SESC II
Conheço o poder de fogo do SESC, Ataídes, pois já executei alguns trabalhos para a entidade. Sei também da sua capacidade de dobrar alguns prefeitos que não seriam loucos de não querer a participação do SESC em suas cidades. Por isso duvido que algum vereador também se oponha à doação de um terreno (quem sabe mais que um, até) para o SESC. Vão surfar na onda do desenvolvimento que possa trazer, tenha certeza.
SESC III
A única crítica que ainda ousaria fazer aqui é sobre os locais onde o SESC poderá se instalar. Onde vocês acham que vão fazer a creche e a possível futura sede? Ganhou um pirulito quem respondeu que vai ser no Centro. E com o ‘amém’ de todos, repito, todos os vereadores da egrégia Casa Legislativa. Isso porque a maioria se borra de medo das forças vivas (e algumas mortas) do Centro. E aí as outras regiões continuam sem investimentos de caráter social que pudessem ser usufruídas por toda a população, vide o Memorial Carlos Pinto de Mennet, construído em cima da sanga que abastece o Açude Tarumã. Depois falo em emancipação e neguinho fica magoado.
Raio de (P)Sol
Dizem pelas rádios-corredores que o mandatário municipal teria cortado o apoio alimentício à creche dos funcionários públicos mantida pela ASMV, porque mudaram o nome da entidade. Chamava-se Raio de Luz e se chama, agora, Raio de Sol. Será que tem alguma conotação política esta troca de nome? Ou será que eu e o prefeito estamos vendo chifre em cabeça de cavalo?
Essa é de amargar
Quando eu li no DV da terça-feira eu não acreditei: “a associação dos moradores (do Castelinho) deu o último prazo para que a verba do Ministério das Cidades seja repassada, através de negociações da Prefeitura e Caixa Econômica para o projeto de reestruturação da área”. Ultimato ao Ministério das Cidades? É muita audácia! Será que aquele candidato chapa branca que mora no Castelinho e fez oitocentos e poucos votos não teve coragem de contar pros vizinhos por que o processo não anda?
Se alguém quiser saber me pergunta que eu respondo.
Boas notícias
A coluna também traz boas notícias, acreditem! A prefeitura e o COVEMA, conselho que responde pelas políticas ambientais em Viamão, na pessoa de seu presidente, Jorge Amaro, informam que já está tudo pronto para a construção do Plano Municipal do Meio Ambiente, que começa com a contratação de uma empresa que fará os estudos preliminares para a confecção do mesmo.
Se tiverem a mesma determinação com que produziram o Plano Diretor de Desenvolvimento, acredito que lá por 2014 já teremos condições de gerir nosso futuro ambiental.
E prepare-se, caro leitor, vêm aí mais discussões sobre o Açude Tarumã.
Coluna publicada em 18 de abril de 2009.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pascoalinas

A coluna desta semana deu um trabalho danado, acreditem. Tudo porque no domingo à noite, pasmem, já tinha uma coluna pronta. Sei lá o que deu em mim, adiantei o serviço. Só que ela resistiu apenas até a tarde de segunda quando alguém me mandou uma idéia pelo correio eletrônico e derrubou meu castelo de cartas.
Bem feito! Quem mandou adiantar serviço. E nova coluna pronta na terça ao meio-dia. Devo confessar que juntei as duas, muitas pitadas da precursora restaram.
Mas enfim estaria pronta a coluna se não tivesse encontrado o Rubem Penz, lá na redação do DV na quarta-feira pela manhã, durante um cafezinho amigo.
- Parabéns pela coluna de sábado, lascou o Rubem.
Agradeci o elogio, ainda mais quando vem de alguém ocupa o mesmo espaço que eu, e com muito mais propriedade, nas quintas-feiras.
Mas não é que o elogio jogou pelo ralo a minha coluna, que eu já considerava pronta? A responsabilidade de tamanha consideração me fez rever a coluna e o medo de decepcionar meus poucos admiradores dirigiu meus dedos até a tecla “DEL” e foram para o éter cibernético as idéias.
Mas não pensem que é só isso. Tem também a consciência cristã, lembrando que estamos num final de semana de introspecção, de repensar nossos valores humanos, lembrarmos que Jesus, o Cristo, que deu a vida para salvar-nos, que expiou os nossos pecados, por uma vida mais próxima do Pai Eterno.
Mas essa introspecção fica difícil quando a cada dez ou vinte minutos um “fanqui pesadão” passa a todo o volume defronte às nossas casas. Foram-se os tempos em que se respeitava a Sexta da Paixão. Hoje em dia tem festa de segunda a segunda e seria incoerente esperar que esta gente respeitasse uma data tão significativa. Nem por força de lei conseguiríamos isso.
Pimenta no dos outros
A crítica não é dirigida a ninguém. Não mesmo. Só que não dá para deixar passar a notícia veiculada na quinta-feira, aqui no DV, sobre a visita de diretores do SESC atrás de terrenos para uma sede e uma creche em nosso município. Também não é de estranhar a felicidade das lideranças políticas em caravana atrás deste terreno (pelo que dizem terreno público não falta para isso) para instalar estes investimentos.
Daí, lembrei-me que se por um lado a prefeitura estende a mão para estas iniciativas, por outro enxota a vontade do poder público estadual de colocar um presídio em terras viamonenses. E tenho certeza de que não compete ao prefeito, nem daqui, nem de nenhum lugar, vetar a construção de qualquer que seja a instituição, seja um presídio ou uma creche.
Esta polêmica instalação de presídios poderia ser solucionada se deixássemos a hipocrisia de lado e os governos, estadual e municipal, assumissem a sua verdadeira relação, sem o paternalismo que gera essa enormidade de relações viciosas.
Os presídios quase sempre estão elencados nos Planos Diretores dos municípios, logo, deveriam ser protocolados nos organismos de análises das construções novas de qualquer cidade e sendo assim, aprovados para aquelas áreas onde o município permite tal construção.
Simples assim. Mas as relações viciadas, repito, determinam que se faça uma exploração política e eleitoreira da questão, com resmungos de parte a parte.
Chega de hipocrisia. Devemos respeitar o "estado democrático de direito", aprovando de forma correta a instalação de toda e qualquer construção, seja ela um presídio, uma creche do SESC ou uma simples habitação.
Uma pergunta
Por sinal: quando os governos federais e estaduais mandam para as cidades hospitais, escolas, delegacias ou outros investimentos, são respeitados o Plano Diretor e o Código de Posturas e a tramitação para análise? Tenho certeza que não, pois aí é só alegria.
Nossos ouvidos agradecem
Essa crise que se instalou com o veto à primeira-dama de Porto Alegre de cantar “Porto Alegre é demais”, durante o jogo da Seleção Brasileira me deixou de certa maneira aliviado.
A Isabela Fogaça canta em tudo que é evento da prefeitura da capital. Até parece que o Fogaça se elegeu para oportunizar palco para a mulher. E como disse o nosso amigo Rubem Penz, “não é que ela cante mal, só que a voz dela é enjoativa”. Disse tudo o Penz.
Ainda bem que a nossa primeira-dama não canta. Pelo menos não em público.
Coluna publicada em 11 de abril de 2009.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Não é bonde...

Natural esta mania do ser humano de copiar tudo o que é ruim, de mau gosto ou nocivo para a nossa sociedade. Pior ainda é que são as agruras do nosso povo que invadem as páginas dos nossos jornais. São notícias desagradáveis na página policial (e não poderia ser diferente), nas páginas de economia, na cobertura da cidade e até nos esportes, onde volta e meia aparecem os reflexos do que há de pior nas relações sociais, escondidos em meio às torcidas.
Agora é a vez das escolas. Você tem acompanhado aqui mesmo no DV. A nova onda são os bondes, ajuntamento de irresponsáveis que atazana o dia a dia escolar, e por aí vai. Quem será que inventou este termo? Ou melhor, quem emprestou deste saudoso veículo de transporte coletivo a definição que assusta pais e professores?
É gangue!
O termo mais correto é gangue. Ou quadrilha, bando, marginália, sei lá. A terminologia esconde e separa mais uma casta social. Talvez para que alguns espertinhos se escondam dentro destes clãs infanto-juvenis. Porque têm muitos pais que acham que não tem nada de mais nestes grupos. “São turmas que se reúnem para expressar seus pontos de vista”, dirão os mais ingênuos. Mas sempre que alguém utiliza um grupo para se esconder e no meio do anonimato provocar estragos de toda a ordem na sociedade, isso é desvio social. Não tem desculpa! E nossos meios de comunicação há quem tente glamourizar o incidente. É o bonde tal, a turma qual... Não! É a marginália! Batedor de carteira é ladrão, pixador é vândalo e usuário de drogas é viciado, não existe meio termo. Se a notícia é ruim, é nociva para o meio, não dá para mascarar com sinônimos.
Internet ajuda
Meu filho mais velho usa a internet diariamente. MSN, Orkut, download de músicas, vídeos, por aí vai. O mais novo também, mas ainda conseguimos controlar o uso destas ferramentas. O engraçado é que tudo está na internet. Até apoio aos trabalhos escolares. Só que isto eles não sabem, como a maioria dos jovens, encontrar.
Dia desses fiquei pensando: como é que a gente fazia nossos trabalhos? E lembrei, com livros! Pesquisa escolar já foi feita com livros, não é uma maravilha? Aí me dizem que hoje não é mais possível, pois nossos filhos têm que ficar o mínimo de tempo possível nas escolas, agora alvo dos “boooondes” (gangues!). Voltar à escola fora do horário de aula, então, nem pensar.
Entregamos a cidade para a marginália
Na verdade estamos é entregando os últimos redutos possíveis de serem utilizados por pessoas de bem para os marginais e para aqueles que querem se aproveitar do medo coletivo. Deveríamos fazer justamente o contrário do que temos feito nos corre dos anos. Deveríamos ocupar a nossa cidade e espantar as manifestações nocivas. Temos que retomar o espaço de nossas escolas, e a importância deste equipamento para nossas famílias.
Outro local que hoje assusta as pessoas de bem é a Avenida Liberdade, aqui na Santa Isabel. No domingo a partir das 18 horas, se transforma em terra de ninguém, sem respeito à civilidade. Som alto, bebedeiras, consumo de entorpecentes, menores fazendo todo o tipo de bobagens, gritos e brigas. Mas ninguém se importa.
Volta e meia a Brigada dá uma dura, mas depois a baderna volta a imperar. Tem quem diga que tudo isso ocorre sem repressão porque a algazarra amaina uma quadra antes da casa do prefeito Alex, que mora bem no coração da Santa Isabel.
Será que se a baderna fosse em frente da casa dele ele deixaria acontecer todos os finais de semana? Duvido.
E nem me fale em Ministério Público, porque aí é piada!
Ano do Dragão
Um centro místico ali do Caminho do Meio, envia email com mapa astral informando que as conjunções estelares e zodiacais registram o final de uma Era que amarrava algumas decisões em nossa cidade. Parece que acabou na semana passada a Era do Dragão, e isso vai minimizar alguns problemas e que se espera uma nova era de prosperidade, principalmente para a região do Caminho do Meio e do Castelinho. Mas existe outra força que rege os viamonenses que só vai acabar daqui a quatro anos. Até lá vamos vivendo sobre a influência da Era do Burro, como apregoa a sabedoria oriental.
Coluna publicada em 04 de abril de 2009.

A grama do vizinho

Quando fui estagiário da Prefeitura de Porto Alegre, em 87, tinha um colega que morava lá no fim da Lomba do Pinheiro. E ficávamos debochando um do outro, tipo: quem morava pior. E todo o santo dia, na Kombi que nos levava para os serviços externos era a mesma conversa fiada: morar em Viamão é ruim, mas no Pinheiro era muito pior, dizia pra implicar com o coitado e ele rebatia:
- Pelo menos moro em Porto Alegre!
E assim ia até que o Ricardo, que morava na zona sul, interveio:
- Nem Viamão, nem Lomba do Pinheiro. Bom mesmo é morar na Tinga!
O Ricardo acabou com a bagunça. Não tínhamos como enfrentar a sua assertiva. A Restinga era respeitável e sem dúvida era mais bem tratada, apesar da distância. A Tinga tinha os melhores ônibus, uma escola de samba (que enfrentava as tradicionais Bambas e Imperadores) e elegia sozinha seus vereadores (quase sempre diretor de alguma autarquia municipal), e por aí vai. Mas isso não interessa.
Supremacia viamonense
Depois que saí da Prefeitura perdi contato com este meu colega. Mais tarde, no tempo das festas da Sogisi, ele apareceu pela noite da Santa Isabel. Era freqüentador assíduo. Havia se rendido à nossa vila e até casou com uma guria daqui. Mas continuou morando na Lomba do Pinheiro. E eu sempre mexia com ele: Viamão ainda era melhor! E agora ele concordava. A Via do Trabalhador uniu o Pinheiro com a Santa Isabel, mas levamos certa vantagem, pelo menos nos primeiros anos.
Mudanças na paisagem
Aqui da Aparecida, das ruas mais altas, hoje se avistam as mudanças que estão acontecendo na paisagem por de trás do Saint Hilaire. Bem ao sul, lá pela parada 14 da Lomba do Pinheiro, prédios de apartamentos estão brotando do chão. Na subida para o Jardim da Paz, o mais moderno centro de produção de processadores e chipes da America Latina. Condomínios de classe média nascem aproveitando a proximidade com o centro da capital. A mesma distância de Viamão.
Onde erramos?
Nem vale a pena fazer esta pergunta. Muitos vão responder que não erramos, de maneira alguma. Então deixa prá lá? Não mesmo!
Esse talvez seja o nosso grande erro. Não queremos comparações. Ou melhor: não admitimos comparações. Não ousamos, e não queremos ser comparados com quem ousa. Não investimos e insistimos que é covardia a comparação com que tem coragem de investir.
E não falo apenas de nossos governantes, não senhor! Por que estes são uns pobres coitados que não conseguem nem passar da 31. Falo de todos nós. Em todos os debates que fazemos temos que nos contentar (resignação seria a palavra certa) com pouco. Foi assim no Carnaval, é assim no Arroz com Leite e também na corrida eleitoral. Sempre nos contentamos com o menos pior. Com o suficiente para nossa comunidade, nunca o melhor, apenas o suficiente.
Respeito
E me incluo neste círculo vicioso, caro leitor, com certeza. Pois sou viamonense também, ora! Mas isso só piora ainda mais a nossa situação. Faz com que não tenhamos mais respeito por nós mesmos e sendo assim, quem nos respeitará?
Por isso quando chega a vez de elegermos representantes em nível federal e estadual, os forasteiros vêm pilhar nossas urnas. Por isso as empresas vêm de fora, nos exploram e vão embora, ou ficam sem olhar com carinho para a nossa terra. Por essas e outras, e por não sabermos fazer o básico é que nossos líderes recebem puxões de orelha dos figurões de Brasília, que precisam nos mostrar o que está bem na frente dos nossos olhos. Talvez palmadas sejam mais apropriadas.
Mudando de assunto, mas nem tanto
Não pude comparecer na apresentação que a Acivi preparou para o projeto “Eu elejo Viamão, e você?”, mas sei que já é um bom começo para acabarmos com essa apatia generalizada. A Acivi tem nos últimos anos assumido o seu papel na sociedade viamonense, que é cobrar e incentivar mudanças na forma de pensar nossa cidade. A turma do André Pacheco está de parabéns. Só falta agora é criar uma seção da entidade para o Quarto Distrito. Aos poucos a gente vai amadurecendo esta idéia. Não é mesmo André?
Coluna publicada em 28 de março de 2009.

Falecimento

Já vai tarde!
Vai deixar saudades, mas já estava mais do que na hora de morrer. Muitos diziam que já estava com a morte decretada há algum tempo, mas tinham medo de desligar os aparelhos. Pois no domingo pela manhã, exatamente às seis horas e cinqüenta minutos, quando a última escola de samba passou pela passarela do samba do Autódromo de Tarumã, foi sepultado o Carnaval de Rua de Viamão.
Não que ele não possa continuar acontecendo como expressão popular, mas o Carnaval Competitivo, aquele que as escolas de samba perseguem como forma de valorizar e abrilhantar seus meses de trabalho e dedicação pelo samba, este terminou de vez. Não há porque ficar se enganando, tentando remendar e comparar, como fizeram alguns especialistas “chapas brancas”, esta semana. Agem como os músicos do Titanic, que continuaram a tocar no deck do gigante, enquanto ele afundava.
Nem viúvas deixou
Claro que uma ou outra viúva do Carnaval de Rua vai ficar por aí se lamentando. Mas conversei com a maioria dos presidentes das escolas de samba de Viamão e com algumas personalidades do Carnaval e todos foram unânimes em afirmar que a estrutura montada no Tarumã não deixou nada a desejar. Tirando um ou outro problema de coordenação, mas que é normal na estréia de qualquer evento, ninguém teve reclamações. Se tivéssemos organizado uma muamba, que pudesse simular o que teríamos na noite do último sábado, nem estes pequenos contratempos teriam acontecido.
Não dá para comparar
Outro pecado de alguns críticos à decisão da Assencarv de levar o Carnaval para Tarumã é querer comparar o desfile das escolas no sábado com o Carnaval da Avenida Liberdade.
O Carnaval de Rua não é compatível com uma cidade das dimensões da nossa. Justificava-se quando Viamão tinha 150, 180 mil habitantes, mas nos tempos modernos, onde nossos núcleos urbanos não param nenhum dia da semana, fechar uma rua tão importante como a Liberdade é um despropósito.
O Carnaval de Rua atrapalha a vida de quem não gosta de Carnaval, trata mal quem gosta (ou será que alguém gosta de ser apertado e pisoteado na multidão que quer assistir aos desfiles?) e atrai quem não tem opinião sobre o assunto, mas vai para a avenida, ávido por criar confusão.
Carnaval sem incidentes
Nas doze horas que passei dentro do autódromo, tudo transcorreu na maior civilidade. Só houveram dois incidentes, protagonizados por dois rapazes inconvenientes que foram prontamente convidados a se retirar da pista de eventos.
Ouvi esta semana de um empresário da Santa Isabel, que me perguntou se eram verdadeiras as informações que repassaram na região de que o desfile do autódromo teria sido um fracasso. Como seria um fracasso uma empreitada tão democrática como essa? Onde todas as escolas de samba, irmanadas sob a bandeira da Assencarv, eram anfitriãs e convidadas, o que poderia dar errado?
Este mesmo empresário, muito amigo do prefeito Alex, depois me confidenciou: “torci pelo Carnaval do autódromo. Agora eles têm que devolver o desfile de Sete de Setembro para a Santa Isabel!” Torço por isso também. E como torço.
Coluna publicada em 21 de março de 2009.