domingo, 26 de julho de 2009

O trote

Tenho um amigo que é muito bom em trotes telefônicos. Um verdadeiro expert. Algumas coisas aprendi com ele. Segundo ele, não é a voz que deve ser imitada, mas a maneira como a pessoa se comunica, seus cacoetes e frases. Ele consegue enganar as vítimas por muitos minutos, e só depois que ele se enche da brincadeira se revela, para desespero do ludibriado, entre risos e ameaças.
Segundo ele, você só tem que dar a linha e deixar que a pessoa fale. Quem imita não deve conduzir a conversa, só dar a confiança para que o interlocutor caia sozinho no trote. Aprendi isso com ele e tem funcionado, ainda mais quando quem atende não é a vítima, mas uma terceira pessoa.
Aí vira covardia.
Foi o que o Hélio fez
Pois foi exatamente isso que o Hélio Ortiz conseguiu fazer na sua coluna, na quarta-feira. Usou uma frase minha para fazer o prefeito Alex abrir o coração e dizer o que achava da louca idéia de derrubarem o prédio da prefeitura, em plena praça.
E Boscaini soltou o verbo. Vou deixar que o próprio Ortiz continue esta historia, mas convém registrar que a idéia não foi minha não. Foi Tapir Rocha quem pensou primeiro esta ação, que poderíamos batizar de Operação Babilônia (em referencia aos jardins suspensos do prédio da prefeitura), para derrubar a sede do governo.
Um centro cultural seria bem vindo
Uma idéia interessante, entre as muitas que evaporaram nas últimas semanas, seria a de um centro cultural. Talvez a própria Câmara de Vereadores ficasse com todo o prédio e administrasse junto com a comunidade um grande centro cultural, com salas para as mais diversas manifestações, um grande anfiteatro, uma sala de exposições e ainda todos os serviços necessários para que o Poder Legislativo funcione com qualidade.
Até a biblioteca pública poderia ser absorvida pelo centro cultural mantido pelos vereadores. Seria um golaço dos nossos legisladores.
Tem nome?
Aliás, alguém sabe se o complexo da Administração Municipal tem nome? Só não me venham com Tapir Rocha, outra vez.
Eu já sabia
Conversávamos sobre o desenvolvimento da cidade, durante a posse da nova diretoria da SAEV, na terça-feira passada e o Reanulfo Pacheco, o mais antigo engenheiro de Viamão, lascou essa em referência ao progresso da região da Santa Isabel: “Aquela região já se emancipou faz tempo, só ainda não contaram para os nossos governantes”.
Ainda bem que foi dito por um capelista.
Crescimento vegetativo
Outro assunto que rolou foi sobre o crescimento de Viamão, nos últimos tempos. Chegamos à conclusão de que o crescimento de nosso município tem acontecido muito naturalmente, e sem a participação dos poderes municipais. Ou seja: não é o trabalho dos governantes que tem auxiliado nossa cidade a crescer, até certo ponto, tem atrapalhado.
Viamão se desenvolve a passos de cágado porque tem a necessidade natural de crescer. Porque as pessoas têm naturalmente a necessidade de investirem onde moram e isso empurra os serviços e o comércio na mesma direção. Nada do que os governantes e legisladores fizeram nos últimos vinte anos fez nossa economia crescer de maneira sobrenatural.
Estamos crescendo lenta e vergonhosamente, para tristeza dos viamonenses.
Muito frio
Fazia tempo que não sentíamos um frio tão intenso. Algum ambientalista se atreve a falar em aquecimento global nestes dias?
Essa não dá nem para contar...
É sério, não dá para contar mesmo!
Coluna publicada em 25 de julho de 2009.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Três anos

O Hélio Ortiz há poucos dias me passou uma informação que até então eu não tinha me dado conta. Ou no mínimo havia esquecido. Faltam pouco mais de três anos para a Copa do Mundo! Verdade! Temos que estar com quase tudo pronto não em junho de 2014, mas em junho de 2013, quando teremos a Copa das Confederações, que serve, mais ou menos, de teste para a estrutura que o Brasil vai apresentar às nações que participarão do torneio de 2014.
E eu não me dei conta porque há pouco mais de dois anos, escrevi aqui uma crônica comemorando a escolha de nossa pátria para sediar a Copa. Lá, naquele momento estávamos a sete anos da primeira partida, mas as coisas acontecem muito rápido e o tempo é implacável.
E o que foi feito até agora? Praticamente nada, a não ser comemorar algumas iniciativas que talvez nem alcancem a nossa reles cidade. Até agora estamos felizes com o que vai ser implementado em Porto Alegre.
Em Viamão? Nada.
Homens de visão
Ando um pouco preocupado com a falta de visão de algumas autoridades viamonenses. E não falo apenas dos nossos governantes, mas também de nosso empresariado (menos do André Pacheco, senão vou ter que dar direito de resposta). Eu já não aceito mais a conversa fiada de que falta dinheiro para fazer qualquer coisa que não seja varrer rua, pintar cordão de calçada e reformar escolas.
Onde estão os grandes projetos para o nosso crescimento? Onde estão as transformações que podem mudar a cara de nossa cidade e, aí sim, mudar a realidade e a auto-estima da nossa gente? Não temos. Realmente não temos. Porque não temos homens que se atrevam a pensar no nosso futuro (não me venham com projetinhos como o Viamão+20).
O futuro se faz com muito planejamento e cotovelos calejados sobre pranchetas, rabiscando, tentativa e erro. Mas nossos líderes estão preocupados é com os seus futuros políticos. Infelizmente.
Saev
Na próxima terça-feira, dia 21, a Associação de Arquitetura e Engenharia de Viamão vai escolher a sua nova diretoria que vai comandar a entidade pelos próximos dois anos. Como só se apresentou uma chapa para o embate, desde já parabenizo minhas colegas Amélia Antunes Fortes, Maria Izabel Brenner e Maria Cecília Cimirro, presidente e vice-presidentes, respectivamente, pela coragem.
Já tive o prazer de representar nossos colegas em uma oportunidade e sei o quanto é difícil mobilizar a turma em uma cidade tão grande como Viamão e que infelizmente não respeita a nossa profissão, a começar pela própria prefeitura. Prometo que tentarei estar mais próximo de vocês para ajudar no que for preciso.
Mãos à obra, meninas!
São Tapir Rocha
O maior político viamonense, hoje tão reverenciado poderia ter sido “canonizado” se tivesse posto em prática o seu plano de derrubar o prédio da prefeitura, esse monstro que enfeia a nossa Praça Júlio de Castilhos, aqui no Centro.
Tapir seria lembrado e festejado não como o político que construiu, mas como o prefeito que destruiu uma aberração.
Alô, alô vereadores
Seria bom se os vereadores prestassem atenção no que está acontecendo no Concivi. Ando meio assustado com o que o “conselho dos anciões” está fazendo lá no Walter Graf.
Já pensou se a moda pega...
Vereador lascou essa num cantinho do plenário, na sessão da última quinta-feira, a respeito da manifestação de alguns professores defronte a casa da governadora, na Chácara das Pedras, em Porto Alegre: “se essa moda pega, aqui em Viamão, será que teríamos que fazer duas manifestações?”
Eu, sinceramente, não entendi.
Coluna publicada em 18 de julho de 2009.

domingo, 12 de julho de 2009

Absolvição

Com certeza de todas as homenagens e manifestações pelo passamento de Michael Jackson, o mais comovente e tocante foi o de sua filha, de onze anos, que singelamente definiu o que sentia pelo pai. Naquele momento eu, um simples mortal, muitas vezes incentivado pela mídia (eu confesso), que também considerava uma aberração toda a transformação que este gênio da música fez com a sua própria vida, fui obrigado a absolvê-lo de todas as suas acusações.
Primeiro como pai, tocado pela declaração de um filho, em toda a sua tristeza e desgraça. E depois como filho, que também já senti o que é a perda de alguém que se ama muito.
Muitos criticaram, nestes anos todos, a exploração e a perversidade do pai de Michael Jackson, que roubou-lhe a infância simples para dar ao mundo um dos maiores artistas de todos os tempos. Longe de concordar com a exploração infantil e os maus-tratos, mesmo que possam ser justificados mais tarde, dá para imaginar o que teria acontecido se o velho Jackson não tivesse insistido, ao seu modo, para que o filho cantasse?
Já pensou se Pelé tivesse passado por toda esta tortura para que seu futebol se transformasse no que foi para o esporte mundial. Não dá, mesmo!
Ainda o racismo
Por duas vezes levantei questões aqui na coluna que foram interpretadas como racismo. Emails chegaram, um tanto desaforados, mas poupo meus leitores do conteúdo. Com relação ao episódio com o argentino Maxi Lopes, novamente voltaram à carga.
Infelizmente sempre que a palavra “raça” é usada já demonstra certa desigualdade e superioridade. É assim!
Quando usamos a expressão “raça gaúcha”, mesmo que esta raça não exista, estamos enaltecendo nossas qualidades em comparação com outros povos e regiões. As torcidas e locutores esportivos então, nem se fala. Adoram utilizar esta palavra para qualificar nossos times, e isso é racismo. Porque racismo não é só a distinção de cor. Racismo é utilizar qualidades destacadas em um grupo como forma de evidenciar a sua superioridade. E não fui eu que inventei o racismo.
Justa homenagem
Não tenho relações de amizade com o comendador Antônio Ávila, mas tenho que registrar a grande homenagem que o vereador Dédo ofereceu a este importante viamonense. Mais do que o reconhecimento dos nossos vereadores, a grandeza deste cidadão tem que ser medida pela envergadura de sua vida e de suas amizades que vieram prestigiar o evento. O Toninho Cascalho, como é chamado pelos amigos de longa data, é um dos personagens mais importantes da política, não só viamonense, mas da história brasileira recente, quando nosso país se viu mergulhado nas sombras da ditadura militar.
Se pudéssemos simular o que teria acontecido no Brasil, se os militares não tivessem concretizado o Golpe de 1964, Antônio Ávila é a pessoa certa para nos auxiliar no desenho deste país que não vingou, após os anos dourados de JK. Por isso faz-se urgente o registro da memória deste homem, antes que a natureza leve a riqueza de suas lembranças para sempre.
Mágoa
O próprio comendador desfiou sua mágoa durante a homenagem na Câmara Municipal. Ele disse ter ficado surpreso ao ver que a história de sua família, que teve um Intendente Municipal (Antônio Campos de Ávila, 1921-1925) e um vice-prefeito (seu avô, Salustiano Ávila) não estivesse nas páginas do livro Raízes de Viamão, confeccionado pela prefeitura.
Esparrela histórica
É inacreditável que um projeto que rendeu um livro com mil, quinhentas e poucas páginas não tenha alguma citação a esta importante família viamonense.
Não se preocupe Toninho Cascalho, sua vida e sua trajetória merecem um livro só para o senhor.
Raízes II
Será que vem por aí um “Raízes de Viamão II”, para reparar alguns esquecimentos oficiais?
Coluna publicada em 11 de julho de 2009.

sábado, 4 de julho de 2009

Orgulho gaúcho

Certamente vamos querer apagar esta semana que passou das nossas memórias, pelo menos em se tratando de futebol. Nossas equipes, representantes da valentia e da bravura gaúcha, deixaram os forasteiros entrarem no salão, dominarem o baile e ainda por cima dançaram com a mais bela prenda. Uma vergonha para o povo que se orgulha de ter, um dia, amarrado seus cavalos no obelisco, em plena capital federal de então. Vai ser difícil recuperar o respeito no centro do país.
Primeiro o Internacional
O Inter começou a perder o segundo jogo da decisão da Copa do Brasil quando Fernando Carvalho denunciou, através de um dossiê, uma maquinação maluca que pretendia entregar o título ao Corinthians.
Só esqueceram-se de dizer ao dirigente colorado que o time paulista tinha uma boa vantagem e sua denúncia “blindou” a arbitragem (que foi excelente, diga-se de passagem) e tirou a responsabilidade das costas dos jogadores colorados. Qualquer coisa que acontecesse (e aconteceu) era por culpa do juiz. Uma temeridade o que fazem alguns dirigentes.
Depois o Grêmio
Já o Grêmio decretou o seu fracasso na Libertadores quando crapichosamente decidiu esperar por um técnico que tinha compromissos com outro time, lá do outro lado do mundo. Vamos combinar que o estilo de Autuori não é o que a torcida está acostumada. Mas o treinador chegou cheio de moral e valorizado pela própria espera que a direção aceitou. Isso reforça as convicções do treinador e vai ser difícil alguém agora querer criticar.
Ainda por cima nosso time está muito abaixo do nível que o Grêmio merece. Nenhum de nossos jogadores tem personalidade e se abatem facilmente com resultados negativos. E não é de hoje. É só lembrarmos do Brasileirão de 2008, quando de uma hora para a outra começamos a perder pontos importantes e entregamos um campeonato de pontos corridos para o São Paulo. Aí ficou fácil culpar o treinador e sacá-lo quando a coisa encrespou no Gauchão deste ano.
Dossiê Gauchão 2009
Aproveito para tornar pública também uma denúncia sobre o Campeonato Gaúcho. A Federação Gaúcha armou contra todos os outros times para favorecer o Internacional. Sim, é verdade!
Para que o Inter não passasse o ano do seu centenário sem um título, como aconteceu com o Grêmio em 2003, a FGF ajeitou o campeonato para que o Colorado fosse campão e iludiu a sua torcida, além do que o nível deste ano, no certame regional foi muito baixo. E vai ser só este o título do time da margem do Guaíba para 2009. Se conformem, por favor.
Ainda o trânsito
Sei que o trânsito aqui no Centro não é nenhuma maravilha, mas temos que concordar que com a estrutura medieval que são as nossas ruas, é difícil qualquer intervenção que resolva. Ainda mais que os comerciantes insistem em querer que as pessoas passem de carro defronte às suas lojas.
Precisamos urgentemente que a Bento Gonçalves seja alargada, entre a Isabel Bastos e a RS-118, e para isso a prefeitura deveria convencer a Empresa Viamão a recuar um pouco e perder um pedacinho do seu latifúndio urbano de quase oito hectares.
Senão, não tem conversa. Precisamos de uma via estrutural para onde possa desaguar o tráfego do Centro e diminuir a pressão nas outras artérias. Como um corpo humano, a região do Centro está próxima de um colapso se nossos governantes não tomarem uma atitude ousada.
Eu queria ver
Por que a Acivi, que se coloca como a representante dos empresários e do Comércio de Viamão, não luta também por melhorias no trânsito da Santa Isabel ou lá da Parada 17, na Augusta, onde também é complicada a situação dos comerciantes, com aquela rua estreita e movimentada?
Está na hora de criarmos uma seção da Acivi para o 4º Distrito. Ou então assume logo que estão se lixando para as vilas de nossa cidade.
Coluna publicada em 04 de julho de 2009.