domingo, 16 de agosto de 2009

Tropa de elite

Juro que não era esse o tema que eu pensava abordar na coluna de hoje, ia falar de carnaval. Mas fiquei de certo modo empolgado com a idéia de defender essa minha tese depois de apresentá-la novamente, durante a palestra que eu e o Lilja tivemos o prazer de levar aos alunos do EJA, durante a 5ª Feira Literária de Viamão, na quinta-feira passada. Já faz algum tempo que ela foi criada, volta e meia coloco ela em discussão, mas ainda não apareceu ninguém para rebatê-la.
No melhor sentido da palavra, “elite” acima de tudo representa o que de melhor existe em uma sociedade, comunidade ou classe. É o escol, a nata, a fina-flor, o melhor dos melhores. Claro que talvez tenhamos desvirtuado a palavra quando a empregamos para definir o conflito de classes ou castas, mas está lá no dicionário, pode conferir! Elite é o modelo que deve ser perseguido, é o exemplo que um determinado grupo segue e almeja. Veja no futebol: as pessoas querem copiar a elite do futebol, seus jogadores, seguir seu exemplo e, positivamente, tentar entrar também para essa elite. É normal e sadio. Nossas crianças se espelham no exemplo dos grandes jogadores, nos Ronaldos e Kakás que o futebol criou.
Até aí tudo bem, mas pergunto: onde está a elite viamonense? Não aquela que tem carrões e pode viajar para Disney. Falo da elite que tem que dar o bom exemplo. Que deve ser perseguida como esperança de um amanhã melhor. Sabemos onde está?
Se você imaginar que uma pirâmide representa tridimensionalmente nossa sociedade, então, descarte o modelo egípcio de pirâmide. A pirâmide viamonense está mais para as pirâmides astecas, pré-colombianas, sem ponta. E sabe por quê? Porque a elite não está lá. Não assumiu a sua posição de destaque. E se você investigar melhor descobrirá que nossa elite se conforma em assumir o terceiro ou quarto degrau da elite porto-alegrense. Literalmente, desceram a “lomba” para ficarem protegidos numa camada mais baixa da pirâmide. Em suma, nossa elite não cumpre com sua função social. Não serve de motivador e exemplo para quem vem de baixo. Faça esse exercício com qualquer segmento, não estou falando de coluna social, de bailes e comendas. Peguem os advogados, os arquitetos, os músicos, os escritores, os artistas, os jogadores, os médicos, enfim, qualquer categoria. Viamão parece não ser suficiente! O céu é o limite! Antes que se tornem referência local, já sonham com outras paragens.
Entendam, mais que uma crítica, isso é uma triste constatação e um desabafo. Precisamos de nossa elite cumprindo com suas funções aqui. Elas são as referências de uma sociedade e infelizmente este marasmo cultural, social, político e econômico é também reflexo dessa apatia e omissão das elites. Eis a tese, a quem interessar discordar, fica o agradecimento.
Coluna publicada originalmente em 6 de outubro de 2007.

sábado, 8 de agosto de 2009

Viamonismo

A primeira vez que tive um contato mais próximo com a história viamonense foi quando cursava a oitava série no Walter Jobim e fomos entrevistar a viúva de Victor Américo Cabral, para um trabalho sobre Viamão. Ele tinha escrito, em 1976, um livro que contava um pouco da história de nossa cidade e até ganhei um exemplar, que se perdeu no meio das infindáveis pesquisas universitárias de minha irmã, no curso de História. Confesso que não me recordo de toda a obra, mas na sua essência, o que interessa é que naquela época, com 13 anos, eu descobri que nossa cidade tinha muito mais que uma lenda sobre a visão de cinco rios que deram nome ao município ou uma trincheira no Tarumã, palco de heróicas batalhas. Ali, e depois, em outras obras e conversas, pois muitas histórias têm se perdido por agrafismo, comecei a perceber que temos uma rica cultura e um rastro genealógico a seguir. Em resumo: nossa história tem que ser contada. Aí você dirá que já estamos fazendo isso. Os tradicionalistas e nativistas têm se preocupado em manter acessa a chama da cultura gaúcha. E agora o Poder Público também está mobilizado recolhendo registros de nossa cultura, de nossa gente e seus hábitos. Com todo o respeito, nativismo e tradicionalismo, com a melhor das boas vontades, na verdade pasteurizam algumas idéias e colocam tudo no mesmo saco. Fazem parecer que o gaúcho daqui é igual ao gaúcho de lá. E mais do que reunir depoimentos, precisamos forjar uma mentalidade viamonense. Temos a obrigação de fundar uma nova idéia. Temos que fundar o Viamonismo! Neologismos à parte, o que interessa é a raiz da palavra e do ideal: Viamão. Talvez você não saiba, mas você mesmo pode já estar participando deste movimento. Toda a vez que uma notícia é veiculada nos grandes centros, sobre Viamão, vai dizer que você não fica indignado com a falta de informação que muitas vezes estas matérias deixam transparecer? Quer um exemplo? Nosso garoto prodígio da música viamonense, Lucas Lima, quando esteve em entrevista no Programa do Jô, em rede nacional, deixou a impressão que Viamão é só mais um lugar ao lado de Porto Alegre. Não foi culpa dele. Longe disso. A culpa é da pouca importância que damos a algumas questões que são relevantes para a formação da auto-estima de nossa gente. Se o menino Lucas estivesse engajado no Viamonismo, saberia que nossa cidade tem uma bela história pra contar e se orgulharia dela. Algumas pessoas sem querer já estão fazendo parte deste movimento. São “viamonistas” porque, todos os dias, fazem alguma coisa pelo movimento. Meus amigos, Paulo Lilja e Silvio Monteiro são exemplos disso. O Sílvio, com seus sítios na rede mundial de computadores, de alguma forma está contribuindo para criar a discussão sobre nossa condição. E o Lilja, que durante anos juntou informação sobre a terra, agora transmite toda esta bagagem em palestras nas escolas. Aliás, tem uma frase do Paulo que sintetiza essa nossa vontade e necessidade de engrossarmos as fileiras deste novo movimento: “Viamão é a estrela e Porto Alegre é o buraco negro que suga a nossa luz. Temos que virar as costas pra este abismo e olharmos com mais carinho para as nossas realizações”. Afinal de contas, a história mais bonita nem sempre é a mais interessante, mas sim a melhor contada. E a nossa é muito mais interessante. Só precisamos aprender a contá-la. Viamonistas uni-vos! Nada tens a temer!
Coluna publicada originalmente em 15 de setembro de 2007.

sábado, 1 de agosto de 2009

No final do baile

Infelizmente chegamos tarde ao baile. E justamente no momento em que o país se pergunta se devemos continuar pagando o banquete servido aos convidados. Mas ainda assim, mais do que lamentarmos, temos é que comemorar a posse de nosso primeiro deputado federal em duzentos e sessenta e oito anos de existência.
E nesta hora, lembro de todas as outras oportunidades que os viamonenses nativos perderam, elegendo políticos de outras paragens. Lembro de todos aqueles viamonenses por opção, que na ‘hora-agá’ resolveram votar em seus conterrâneos, motivados pelas ligações umbilicais com suas querências. E aqui não cabe recriminação a nenhum dos dois grupos enunciados. Todos nós temos nossa parcela de culpa no processo débil que se perpetuou até agora.
E pensar que perdemos o baile da Constituinte, há vinte e cinco anos atrás.
Um pequeno passo...
Se o Geraldinho aceitasse a minha humilde sugestão, eu colocaria em seu discurso de posse, na próxima terça-feira, uma sentença, parafraseando Neil Armstrong, quando pisou na Lua: “Um pequeno passo para um homem, um grande salto para Viamão”. Pode não ser muito original, mas o que importa é a verdade contida na expressão.
Adoraria estar presente
Havia dito ao Geraldinho que iria à Brasília assistir a sua posse, logo depois do resultado das eleições de 2006, quando ele conquistou a primeira suplência federal do PSOL, pois era só uma questão de tempo surgir uma oportunidade, com uma licença da deputada Luciana Genro.
E estava tudo programado para que esta promessa se concretizasse em setembro próximo, na data que tinha sido programada anteriormente. Não estar presente neste momento histórico me deixa de certa maneira chateado, mas prometo que compenso e em breve visito o gabinete do nosso deputado federal Geraldinho Filho.
A frase para os pórticos
Quero dar a minha sugestão para a frase que poderia estar gravada nos pórticos que a prefeitura promete instalar em breve pelas entradas da cidade e pelo que pude entender, não deverá ser escolhida pela comunidade, ou em nenhum concurso.
Já que a maioria dos moradores vem de outras localidades e todo mundo diz que adotou ou foi adotado por nossa cidade, bem que a frase poderia ser:
“Viamão, o orfanato de todos os gaúchos”.
O que não tem conserto...
Nem tudo correu dentro do programado pelo Executivo na reunião que apresentava as modificações no trânsito do Centro. No momento que acabou a explicação dos técnicos da pasta dos Transportes, a comunidade começou a reclamar de algumas soluções.
Natural, nem todo mundo vai sair satisfeito, ainda mais quando estão sendo defendidos os interesses do “conjunto da sociedade como um todo”. No final ficou decidido que uma comissão formada pelo “conjunto da sociedade” vai se reunir com os técnicos e esmiuçar o projeto e apontar alternativas para o modelo apresentado.
Dez por um
Aposto dez por um que esta reunião não sai. E se sair, as propostas das entidades que espernearam na reunião de segunda-feira, à noite, serão novamente derrotadas pelos “interesses do conjunto da sociedade como um todo”.
Onde fica mesmo?
Se o prefeito Alex vive dizendo que sempre morou, trabalhou e estudou em Viamão, como é que ele conseguiu se formar em História?
Parabéns ao Enísio
Quero deixar aqui um abraço à toda turma da Velha Capital FM pelos três anos desta rádio comunitária, em especial ao seu diretor Enísio Matte, pela sincera homenagem que recebeu esta semana, na Câmara de Vereadores.
Sucesso e continuem o belo trabalho.
Coluna publicada em 01 de agosto de 2009.