quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Zé Tôcha

Na noite do domingo da decisão do Gauchão, quando a torcida do Grêmio ocupou as principais ruas da cidade para comemorar o título, José Alexandre Marchezotti Iranzo, 46 anos, ao tentar atravessar a avenida Liberdade foi colhido por uma motocicleta. Foi encaminhado em estado grave ao Hospital de Viamão e como o estado inspirava cuidados especiais, permaneceu na emergência a espera de um leito na rede pública do Estado.
Amigos e familiares tiveram então que acionar a Justiça, que através de ordem judicial, conseguiu uma vaga para o acidentado em um hospital na região central do Estado. Porém o quadro do paciente era muito grave e não foi possível a remoção para outra cidade. Na sexta-feira passada, depois de quase uma semana à espera de melhores acomodações e tratamento, José Alexandre faleceu.
Para quem não sabe, José Alexandre Marchezotti Iranzo era uma das mais conhecidas figuras da Santa Isabel. Mas não era conhecido com o seu nome e sobrenome de batismo. José Alexandre era conhecido por todos como o Zé Tôcha, o carregador de ranchos que, desde os tempos do Poko Preço (supermercado que se instalou onde antes funcionava o Cine Rian, bem no centro da Santa Isabel), ganhava uns trocados transportando os ranchos das donas de casa da vila, em seu carrinho de mão. Ele e outros carregadores tinham ponto fixo e tradicional, e a disputa pelo melhores fregueses era bastante acirrada. Foi assim que ele cresceu, trabalhando, e ganhou fama na região, querido por todos. Seu carrinho para transportar ranchos era sensacional. Até sistema de som tinha! O Zeca, que tem uma autoeletrica na Liberdade e que conhecia o Zé desde criança foi que ajudou a instalar o equipamento, com bateria, autofalantes e um potente rádio. Era o seu orgulho.
***
O apelido “Tôcha” (de trouxa) veio pela maneira como ele tratava os amigos e aqueles que brincavam com ele, e pela sua deficiente dicção:
- Tu é tôcha! Casô com muié bunita? Agora é corno!
- Não tem dinhêro pá tomá ceveja? Tu é tôcha! Vai trabaiá qui nem eu!
Num primeiro contato havia quem achasse seu tom meio agressivo, mas era só a maneira dele falar. Depois via que era um cara de bom coração. E todo mundo cuidava dele. Todo mundo brincava com ele, com o mito e as estórias que contavam, mas a gente sabia a hora de parar e muitos até o protegiam daqueles que não entendiam os limites da folgação.
E a turma se divertia com o Zé. Nas festas da Sogisi, ficava paquerando a mulherada, na paz, dançando e bebendo a sua cerveja, comprada com a suada função de carregador de rancho. Aliás, muitas vezes a turma toda tinha dinheiro para uma cerveja só. O Tôcha não! Tinha sempre sua grana para fazer a festa. E de novo ele tinha razão: nós é que éramos trouxas. E pelados!
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No sábado passado, parentes e amigos fizeram uma bela homenagem no enterro do José Alexandre. Muita gente foi lá para se despedir do famoso Zé, o cara que ganhou a vida pra cima e pra baixo, mas poeirentas ruas da Santa Isabel. Infelizmente só fiquei sabendo da morte dele na segunda-feira, mas faço questão de fazer este registro pelo carinho que todos nós tínhamos por esta figurinha que vai fazer muita falta na Santa Isabel
Quando o Diário de Viamão lançou uma série de reportagens com as personalidades que todo mundo conhece na cidade, eu e o Sandrinho fizemos um lobby na Redação para que o Tôcha fosse um dos entrevistados. Como a promessa era de que a série voltaria ainda este ano, estávamos esperançosos de que o Zé pudesse pintar nas páginas do DV em breve.
Não deu. Deus tinha outros planos para o Zé.
Coluna publicada em 15 de maio de 2010.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Festas pelo Rio Grande

Publicada em 08 de maio de 2010.

Matriz legal

Alguns vereadores constataram como é difícil para os empresários e investidores se estabelecerem em nosso município, muito pela absurda quantidade de leis e exigências a que são submetidos os novos (e velhos, também) empreendimentos. Uns dizem que é pelo excesso de leis, outros pela falta delas. Tão cedo não chegaremos a um denominador comum. Esta história vai se arrastar e como um trator atolado, não sairá do lugar.
Eu, modestamente, acho que o problema não é nem culpa do excesso, nem da falta de leis. Nosso problema é a falta de clareza destas leis. A legislação viamonense é feita de maneira a dar um nó na cabeça até de experts. Acompanhando os trabalhos do Legislativo, notamos que muitas leis, sejam elas de iniciativa do Poder Executivo ou dos próprios vereadores, são elaboradas de maneira grotesca e incompleta. Pecam os propositores, por não se debruçarem sobre suas criações com o devido zelo e atenção.
Criam os monstros que acabam prejudicando muito mais do que realmente ajudando a sociedade. Infelizmente parece que leis incompletas têm o terrível destino de ficarem incompletas para a eternidade, pois a nossa prefeitura não tem nem mão de obra, nem vontade política ou administrativa de finalizar o serviço.
Simulações
Eu, como arquiteto, sou fã incondicional das simulações. Acho que na elaboração de novas leis, deveriam os nossos legisladores aplicar esta ferramenta, também. Devemos simular todas as hipóteses antes de se considerar concluído um documento tão importante. Assim, não ficariam as brechas que muitas vezes arrombam as intenções e acabam penalizando o cidadão.
Regras obscuras
Outro expediente irritante é a falta de informações à comunidade. Além das leis, que não são divulgadas, temos ainda o inferno das resoluções e decretos que são mais secretos ainda. Contribuinte só fica sabendo que tem mais um decreto incidindo sobre suas solicitações, aos 46 minutos do segundo tempo! Aí vai o pobre coitado atrás de mais insumos. Um amigo costuma brincar que orgasmo de funcionário da Prefeitura é dar comparecimento em processo. E não duvido.
Ampla reforma
Não vejo nenhum demérito em copiar leis de outras cidades. Pelo contrário. Acho uma excelente solução para nivelarmos as condições de disputa por investimentos. Nossas leis não podem ser distintas demais, senão corremos sempre o risco de espantarmos as novas iniciativas, que no comparativo direto acabam optando por municípios que oferecem melhores condições legais.
Eu defendo há muito tempo uma revisão geral de nossas leis municipais. Tirar o mofo dos arquivos, extinguir regras já defasadas e caducas e investir na construção de uma moderna matriz legal, cobrindo as reais necessidades do município e de seus moradores.
Se isso não for realizado, vamos continuar pagando o mico.
Cento e cinqüenta
Hoje este colunista chega à marca de 150 publicações nas páginas do DV. São quase três anos ocupando este espaço tão nobre e disputado. Aos leitores e amigos, que me aturam esse tempo todo, o meu agradecimento pela companhia em todos estes sábados.
Coluna publicada em 08 de maio de 2010.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Novo modelo

O leitor Jair Della Cesare manda, por email, suas considerações a respeito da participação popular nas decisões da cidade. O Jair diz que está frustrado com a baixa participação popular e considera “jogo de cena” a realização do Orçamento Participativo em nossa cidade. A seguir a proposta do Jair:
Amigo Eduardo. Proponho a dissolução da Câmara de Vereadores, como a conhecemos e no seu lugar criaríamos um Conselho de Gestores de bairro. Cada bairro, de acordo com as seções eleitorais, elegeria um gestor e um subgestor. Numa cidade como Viamão, teríamos mais de 300 representantes.
Estas pessoas teriam uma verba que seria a média de custeio dos últimos três anos da Câmara de Vereadores, dividida pelo número de gestores de bairro. Supondo que são 300 os bairros de Viamão, dividindo o valor de R$ 6 milhões de orçamento anual da Câmara, cada um receberia R$ 20 mil durante um ano para custear instalações, serviços e, se necessário, sua equipe. Este orçamento seria controlado por um conselho fiscal do bairro que aprovaria as contas e todo caixa seria disponibilizado na Internet, bem como as propostas dos moradores dos bairros.
O que poderia melhorar? Bom eu garanto que ao saber que meu vizinho, é o meu representante no Conselho de Gestores da cidade, eu vou exigir dele diariamente e pela internet, que cobre as melhorias do Executivo, como a comunidade assim desejar.
Tenho certeza que teríamos mais controle sobre as verbas, os votos e dificultaria sobremaneira que se montassem grupelhos que se perpetuam no poder, como acontece hoje. Não é possível que 14 pessoas sejam ungidas e decidam o destino de 260 mil habitantes. Proponho uma ação popular para mudarmos a lei e nos adequarmos à nova realidade. Não é por que nos foi imposta esta forma de governar que ela é a melhor. Pelo contrário. Está totalmente exaurida e falida.
Jair Della Cesare – Vila Monte Alegre
Boa intenção
Não dá para negar a boa intenção do Jair, mas não podemos esquecer que o modelo municipal está baseado no sistema utilizado em todas as esferas do poder. Teríamos que modificar todo o processo desde Brasília e isso é muito difícil. E resta ainda outro problema: como seriam feitas as leis municipais, um conselho com mais de trezentos representantes incentivaria demais a diversidade de opiniões e o consenso seria muito difícil e demorado de ser alcançado.
O poder é bom
Além do mais, meu caro amigo, o poder tem um sabor irresistível e com certeza, esses trezentos gestores iriam dar um jeitinho de se perpetuar no poder, e os tais grupelhos que tu mencionaste teriam campo e espaço para prosperar. Por isso não acredito que, algum dia, encontraremos o modelo ideal de democracia. Isso só o Hugo Chaves e o Fidel conseguiram.
Falando em Chaves
O companheiro venezuelano Hugo Chaves estreou no Twitter (aquela coisa chata e sem graça onde todo mundo segue todo mundo no ciberespaço). Até o fechamento desta coluna (bah!) o ‘Diabo’ já tinha oitenta e nove mil seguidores. Eu e o Daniel Jaeger brincamos: oitenta mil são funcionários públicos venezuelanos. Os outros nove mil são jornalistas que precisam estar atentos aos passos do líder bolivariano.
Em tempo
O meu endereço no Twitter é @escobarviamao e o do Daniel Jaeger é @blogdodaniel. Chique não?
Cartilhas
Os dois campeões de votos na eleição do Conselho Tutelar, na Sede e no Quarto e Oitavo Distritos, vão atuar conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente ou vão seguir a cartilha do governo municipal que empenhou todas as suas forças para eleger os candidatos “chapa branca”?
Antipichação ou cupinicida?
Para quê serve a tinta antipichação que usaram no Farroupilha Municipal? Poderiam utilizar os 72 mil reais que sobraram da reforma da escola e comprar Jimo Cupim. Tem gente na Prefeitura precisando.
Coluna publicada em 01 de maio de 2010.

sábado, 24 de abril de 2010

Cidadão de bem

O recente caso de agressão a um cidadão em estacionamento de um supermercado, em Porto Alegre, além de gerar uma grande onda de indignação (pelo menos por quinze minutos – até que a próxima barbaridade seja entregue, quentinha, em nossos lares) criou uma série de debates sobre a situação. Ouvi opiniões de todos os naipes e muitas delas de uma idiotice atroz, o que me credenciou para também registrar a minha.
Todos têm enaltecido a atitude do empresário agredido, e não poderia ser diferente, afinal é isso que esperamos de cidadãos conscientes. Que tenham capacidade de posicionamento quando alguém transgride as normas, e concordo com ele. Temos que externar nossa indignação, nosso descontentamento com os que teimam em infringir as regras da sociedade, ou criam uma tábua de leis própria, onde só valem aquelas que ele considera benéficas para a sua existência.
Mas e o resto? E a nossa vida em sociedade tutelada pelo Estado? Sim, porque se você esqueceu, nós seres humanos desde os mais longínquos momentos de nossa existência neste planeta, decidimos viver em sociedade e sob as asas do Estado organizado, seja ele teocrático, monárquico, beligerante ou um modelo mais recente: a tal de democracia.
Pois é quando este Estado protetor entende que não pode estar presente em todos os lugares, monitorando todos os cidadãos de bem (e os do mal também) é que se torna necessária a implantação de convenções que deveriam ser seguidas por todos e vigiadas por uma minoria delegada. O problema é quando esta minoria não age, ou se omite.
De uns tempos para cá um novo tipo de cidadão tomou conta das ruas. Até se organizaram em entidades não governamentais, buscando preencher o espaço deixado por este Estado, que cobra e recebe para agir e tutelar a sociedade. Não que eu considere esse modo de agir um gasto desnecessário, desviando de energia, não! Sou um incentivador destas manifestações, mas deveríamos primeiro cobrar das autoridades e das minorias delegadas que cumprissem com o seu dever.
Quantas vezes você não se indignou, também, com um motorista que ocupa uma vaga reservada? Ou com aquele cara que não levanta para dar lugar para uma gestante ou idoso, no ônibus? Ou ficou irritado com aquela fulana que entrou na fila do caixa com treze itens quando o cartaz dizia, em letras grandes e legíveis, que poderia passar somente dez produtos? O dia todo, a toda hora, estas infrações leves, pecadilhos do dia a dia, acontecem e continuamos nos indignado e não acontece nada.
Imagine se em todas estas situações a gente se dispusesse a agir como o empresário que reclamou o uso desvirtuado da vaga para pessoas portadoras de deficiência. E se para cada ação “cidadã” existisse uma reação bárbara e brutal, como a que aconteceu? Várias pessoas estariam se digladiando nas ruas, nos ônibus, nas filas dos supermercados e a nossa sociedade perderia seu valor, e nossas instituições, aí sim, estariam falidas.
Uma coisa que deu para notar nas imagens que correram o Brasil, na agressão do empresário, é que a segurança do estabelecimento, demorou ao reagir e socorrer o agredido. Talvez nem tenha agido, deixando a refrega para a Brigada Militar. E isso é que deveria nos indignar.
Quem deveria repreender o motorista desleal eram os seguranças do supermercado! Assim como quem deve esculachar o indelicado passageiro do lotação ou a dona de casa que quer levar vantagem na fila do mercado é o cobrador do ônibus e a funcionária que atende no caixa! Eles são a minoria delegada. Se as regras foram feitas para serem respeitadas por todos nós, na ausência do estado, são estas pessoas os agentes repressores destas infrações tão leves que chegam a ser ridículas.
Deveriam as autoridades, além de processar judicialmente este “cidadão” que perdeu a cabeça, atentando contra a vida de um semelhante, também questionar a atuação dos responsáveis pelo supermercado. A sociedade deveria se indignar é contra as instituições que prestam serviços à comunidade e vivem do lucro que estes serviços lhes proporcionam.
Não sei você, caro leitor, mas eu estou cansado de ouvir, de quem deveria fazer as regras serem cumpridas: “não posso fazer nada...”. Eles têm obrigação de fazer alguma coisa. Por menores que sejam as regras.
Zelo e atenção
Numa cidade tão carente de meios de comunicação é sempre bom ficarmos atentos com a condução de algumas rádios comunitárias que estão abrindo espaço desproporcional para candidatos e pré-candidatos às próximas eleições. Sem dúvida, não é o papel destes veículos.
Coluna publicada em 24 de abril de 2010.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Escola da Bica

Peço ao leitor que não me condene ou faça julgamentos preconceituosos. Já utilizei este espaço para elogiar ou valorizar a ação de alguns amigos ou personalidades viamonenses. E isso não é crime, pode ter certeza. Mas tenho uma obrigação íntima, muito pessoal de aqui, hoje, elogiar e parabenizar um grande amigo pela sua participação no processo de retomada das obras da Escola da Bica, na Santa Isabel.
Antes de ser convocado pelo Dédo para participar de todo o processo, aquele prédio pela metade, sem reboco, com as paredes caindo, era para mim apenas mais um monumento ao desleixo com a coisa pública. Já era coisa do passado, que nunca mais iria sair do papel, e se saísse seria mais uma gambiarra, aquela coisa que o viamonense já está acostumado: “vamos ver o que dá pra fazer...”, e assim a coisa iria se resolver.
Depois da primeira convocação e da visita aos “escombros” vieram outras inúmeras visitas e pude acompanhar toda a obra que foi entregue tão bela na semana passada. E tenho que reconhecer (não como agente político ou ligado a qualquer corrente ou partido), como amigo, o trabalho do Dédo, como um dos responsáveis por esta conquista. Sei que ele não é o único responsável pela conclusão da escola, mas quero aqui fazer justiça ao seu trabalho e ao seu engajamento neste processo. Parabéns Dédo, pela conquista e muito obrigado por me fazer enxergar naquele monte de paredes inacabadas o futuro de uma bela escola.
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Uma das vantagens da fotografia digital, que definitivamente sepultou o processo fotoquímico é que o resultado é praticamente instantâneo, ou seja, na hora o fotógrafo já sabe se capturou uma imagem pelo menos razoável do momento. Antes, teríamos que esperar o retorno das fotos do laboratório de revelação, para então termos certeza de que ficara satisfatório o resultado.
Na sexta-feira passada fui convocado às pressas para elaborar um material de divulgação da Escola da Bica, que foi inaugurada na terça-feira, com a presença da governadora Yeda Crusius. Capturei uma série de imagens do prédio e do entorno do educandário que serviram de base para o material. Na correria e na pressa para entregar o resultado à gráfica para a impressão, não perdi muito tempo avaliando a qualidade, mas depois com um pouco mais de tempo, fiquei tocado, não pela qualidade, mas pelo que representavam algumas imagens. O leitor já se deu conta de quanto tempo fazia que Viamão não recebia um investimento do tamanho do que foi feito aqui na Santa Isabel? Hoje temos a mais moderna escola de nível médio do Estado. Sua estrutura é de dar inveja a muitos outros municípios. E a promessa é de que será investido muito mais, pois em breve poderemos ter, ali ao lado, dentro do terreno repassado para a escola, um ginásio esportivo que servirá, com certeza, não apenas à Escola da Bica, mas também a comunidade isabelense.
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A edificação da Escola da Bica, imponente à beira do grande talude, naquele vale onde outrora existia o campo de futebol da Bica e a promessa de um grande espaço de lazer para a comunidade mudou o perfil da região e mesmo que não se transforme em um cartão postal (é só uma escola, dirão alguns) vai deixar sua marca no futuro da Santa Isabel. Por isso quando ando ali perto fico procurando um novo ângulo para contemplar o belo presente para a educação de nossos jovens. Assim como outros tantos pontos que existiam e que ficaram na saudade, encobertos pelo crescimento da nossa querida vila, um dia a Escola da Bica vai também ser absorvida pelo cenário urbano, mas a imagem que guardei, logo que foi inaugurada fica para a sua posteridade.
Emancipações
As turmas de Itapuã e Águas Claras marcaram presença no ato que foi promovido pela Associação Gaúcha das Áreas Emancipandas, na quinta-feira, na Assembléia Legislativa, quando novamente as áreas que pretendem a emancipação e a autonomia político-econômica pressionaram os parlamentares para que sejam revistas as leis que regulamentam a questão das emancipações. Ponto para nossos irmãos de Itapuã e da região de Águas Claras e Capão da Porteira. Quem ficar por último com a Vila Setembrina, que cuide da vovó.
Coluna publicada em 17 de abril de 2010.

Primeiro de abril!

Muito legal a brincadeira do Diário de Viamão, no dia 1º de abril. Roberto Carlos em Itapuã deu o que falar e muitas pessoas até acreditaram, muito por culpa do tamanho das letrinhas que denunciavam o trote no pé da página. Repercutiu positiva e negativamente. Houve quem dissesse que foi uma brincadeira de mau gosto e outros foram além e já debocharam das condições locais, argumentando que Viamão não teria estrutura para receber um show da envergadura de nosso Rei Roberto. Esses até foram, além e disseram que em Itapuã então, seria um sonho. Mesmo sendo brincadeira, mais uma vez fomos derrotados dentro do quartel.
Podemos sim!
Pois eu acho que podemos muito bem receber um grande show e não considero fora da realidade pensar em Roberto Carlos aqui em Itapuã. Há poucos anos empresários do show busines trouxeram para cantar nas ruínas de São Miguel, nas Missões, o tenor José Carreras o que levou milhares de pessoas para a região, lotando hoteis, pousadas e restaurantes. Quem conhece São Miguel, sabe que a estrutura turistica se restringe à exploração da historia do local e a cidadezinha não passa de duas dezenas de ruas e muitos campos de soja. Então porque não poderíamos receber um grande show?
Visão oficialesca
Muitos que se opinaram contra a nossa capacidade de organizar um grande espetáculo, que poderia trazer muitas pessoas para a nossa cidade, eu acredito que estão com os pensamentos amarrados às iniciativas oficiais, ou seja, acreditam que é competência dos poderes constituídos tomarem a frente desta ou de qualquer outro empreendimento de grande porte. Grande engano. Não precisamos da Prefeitura, ou de qualquer outra entidade oficial para apoiar iniciativas como estas. Precisamos é de dinheiro, e este dinheiro tem que vir de quem vai lucrar com isso.
Itapuã na vitrine
Ainda bem que o pessoal de Itapuã está se mexendo. Em 2010 comemoramos os 150 anos do Farol de Itapuã, os 120 anos da construção da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, no centro da Vila e os 10 anos da Rádio Comunitária Itapuã FM. Em maio eles pretendem fazer uma série de eventos para marcar a passagem destas datas. A iniciativa é da comunidade e das entidades da região e a organização está correndo tranquila, sem a interferência dos poderes constituídos, que irão apenas apoiar o evento. Ponto para a comunidade de Itapuã, que sabe andar pelas próprias pernas.
Zambica não vai concorrer
E agora a política estadual. Cada dia fica mais longe a possibilidade do senador Sergio Zambiasi concorrer a algum cargo nas eleições deste ano. Zambica assinou contrato com a Record e a partir de janeiro do ano que vem assume as manhãs da Rádio Guaíba, e de quebra levou seu pupilo, Gugu Streit, da Farroupilha, para tocar as tardes. Vem aí uma nova Rádio Guaíba, mais popular.
Coluna publicada em 10 de abril de 2010.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Senil Capital

Não sei que acha o leitor, mas eu particularmente já estou farto desta gente que fica toda a hora lembrando que Viamão já foi capital do Estado. Essa história de Velha Capital está passando dos limites. Não que a gente não tenha que lembrar nossa história, mas se você parar para pensar, parece que na história da humanidade Viamão só teve dois momentos de brilho que merecem ser destacados: os dez anos em que foi o centro de referência da província e o período em que abrigou os revoltosos da Guerra Farrapa, quando mudou de nome e virou a Vila Setembrina. Depois parece que mais nada aconteceu. Nada mais fizemos que merecesse destaque na história?
Eu fico preocupado que nada mais tenha sido registrado. E até sobre a condição de capital da província, que decisões foram tomadas aqui que transformaram a vida dos gaúchos naqueles tempos? Parece que a mais importante decisão tomada pelos governantes foi transferir o poder para o Porto dos Casais. E o pior é que manteve a freguesia de Nossa Senhora da Conceição atrelada ao mando da nova capital, pois quase cem anos depois é que conquistamos a autonomia municipal.
E o resto? Tem que existir algo mais. Onde estão nossos historiadores e pesquisadores. Na Historia nada é definitivo, mas acho que esta regra não se aplica à nossa cidade. Temos que estabelecer de uma vez por todas o contraditório e incentivar a pesquisa seja de campo ou nos poucos e desconhecidos livros que escreveram sobre Viamão. Temos que deixar que as mais variadas teorias e versões sejam debatidas, desfiadas, até mesmo polemizadas. Este exercício é crucial para o nosso futuro. Não podemos legar às futuras gerações o vazio de nossa trajetória. Seria um presente maldito, com certeza.
Porto Alegre é que tem...
Quinta-feira, véspera de feriadão, seis e meia da tarde, saio do centro de Porto Alegre em direção à zona norte para depois retornar para Viamão. Fiquei 20 minutos parado na Avenida Independência e levei uma hora e meia para chegar em casa, via Protásio Alves. Se tem uma coisa de quê não sinto saudades é do trânsito da Capital. E não tem metrô que possa resolver a situação no futuro, infelizmente.
Graças ao bom Deus, a Equipe Técnica de Planejamento do Município de Viamão, assim definida pelo artigo 100º da Lei Municipal 3530/2006 (Plano Diretor), considerando a atribuição determinada pelo CONCIVI (Conselho da Cidade de Viamão), no artigo 2º da Resolução CONCIVI nº 03 está trabalhando para que nós viamonenses não tenhamos que, no futuro, sofrer com os congestionamentos em nossa cidade.
Piadinha para a Semana Santa
A alta direção da Parmalat mundial solicitou um encontro reservado com o Papa no Vaticano. Após receber a bênção, o presidente do conglomerado falou:
- Vossa Santidade, nós temos uma oferta. A Parmalat está disposta a doar 50 milhões de dólares à Igreja se Vossa Santidade mudar a frase da oração Pai Nosso, de '”o pão nosso de cada dia nos dai hoje” para “o leite nosso de cada dia nos dai hoje...”
O Papa indignado:
- Isto é impossível! A oração é a palavra do Senhor e não pode ser mudada.
- Bem, nós já prevíamos sua relutância e, por isso, nós aumentamos a oferta para 100 milhões de dólares.
- Tudo o que pedimos é que se mude a frase de pão para leite.
Novamente o Papa:
- Isto, meu filho, é impossível. A prece é a palavra de Deus e não pode ser mudada.
Finalmente, o executivo da Parmalat ataca:
- Vossa Santidade, nós da Parmalat respeitamos vossa fé, mas nós temos uma oferta final: doaremos 500 milhões de dólares para a Igreja Católica, simplesmente se a frase “o pão nosso de cada dia” for mudada para “o leite nosso de cada dia”. Por favor, pense nisso.
No dia seguinte, o Papa convoca o Colégio dos Cardeais:
- Tenho duas notícias para dar: uma boa e outra ruim...
Com um largo sorriso, o Papa começa:
- A boa notícia é que a Igreja vai receber uma doação de 500 milhões de dólares.
- E a notícia ruim, Santidade? - pergunta um dos cardeais.
E o Papa:
- Vamos rescindir o contrato com a Seven Boys!
Feliz Páscoa!
Coluna publicada em 03 de abril de 2010.

O mapa da cidade

Ninguém conseguiu ainda ultrapassar Mario Quintana, quando o assunto é cantar Porto Alegre. Fogaça bem que tentou, Kleiton e Kledir também. Até se saíram bem, mas em O Mapa o alegretense disse tudo o que se poderia dizer da Capital. Tá certo que eram outros tempos, outra cidade até, onde se podia andar pelas ruas do Centro sem se preocupar com os delinqüentes (naquela época só o punguistas praticavam a arte de surrupiar o bem alheio) mas é, sem dúvida, o registro definitivo desta Porto Alegre que ontem completou 238 anos.
Sou daqueles que aprenderam a amar Viamão na marra! A gente vem para cá e gosta, não tem jeito. Foi onde meus pais decidiram criar os filhos, aprofundar raízes, enfim, viver. E amo demais Viamão. E cada dia amo mais. Quanto mais a gente anda por esta terra, mais se encanta, mais conhece esta gente. Um exemplo é a Vila Elza, lá no cantinho, espremida na divisa com Alvorada. Conheci e me encantei com aquele lugar. Pena que não recebe a atenção que realmente merece.
Mas se amo nossa cidade, tenho que declarar que sou apaixonado por outra cidade. Sim! Porque amor e paixão são coisas diferentes, disso acho que ninguém duvida. E sou eternamente apaixonado por Porto Alegre, minha terra natal. Aqui ao nosso lado, monopolizando os olhares de suas vizinhas. Não dá para negar o magnetismo cultural e econômico da rainha da metrópole. Cultural porque é lá que está a vida inteligente do Estado. Sobra muito pouco para as outras cidades e o esforço tem que ser hercúleo para poder sobressair. Econômico então nem se fala, pois todos os dias, milhares de viamonenses são obrigados a enfrentar as caixas de vidro, metal e diesel que os conduzem aos seus postos de trabalho.
Mas não quero ficar aqui fazendo criticas. Quero é homenagear a outonal Porto Alegre, na semana de seu aniversário. Das filhas dos campos de Viamão é a mais próspera e sempre vai nos encantar, até porque não conseguimos desviar os olhos de seu brilho. E não há mais nada a dizer. Até porque, como já escrevi no início, Quintana já disse tudo!
Da gema
Esta semana o querido colunista das sextas-feiras, Rubem Penz, portoalegrense da gema, desperdiçou alguns de seus preciosos minutos com a choldra do DV. É sempre bom conversar com o Rubem e poder recordar um pouco da Porto Alegre que vivi em minha infância e adolescência. Foi muita conversa jogada fora, mas por bons motivos, afinal temos que de vez em quando reciclar a cachola, mas entre mortos e feridos, todos se salvaram. Temos que repetir estes encontros mais vezes meu amigo. E isso vamos deixar para o Dickow organizar.
Providências I
A turma que realiza o transporte escolar da Escola Adventista aqui da Santa Isabel está desde agosto do ano passado pedindo à prefeitura que instale uma placa na Barão de Belém, junto ao portão da instituição, para organizar o estacionamento dos veículos que vão buscar os alunos. Até agora nada! Há horas, também, estão pedindo que eu faça este registro, mas como sei que esta coluna não tem tanto prestígio assim junto aos órgãos competentes, escrevo para provar aos meus amigos que não vai adiantar reclamar neste espaço. Tá feita a reclamação.
Providências II
E também não vai adiantar pedir À prefeitura que dê um jeito na rua Chile, entre a Resende e a Barão de Belém, por onde saem os alunos do Adventista, seja de carro ou a pé. Não tem condições de transitar naquele trecho que é disputado pelos carros e pedestres, num aperto ocasionado pela falta de calçadas e a infinidade de buracos no leito da rua. A prefeitura bem que poderia notificar o proprietário da esquina da Chile com a Resende de que precisa fazer a manutenção das calçadas. E nem precisa ir até lá para comunicá-lo. É só descer ali na Smov e falar com ele pessoalmente.
O Maurício quer saber...
O leitor Maurício Della Cesare manda perguntar quando é que começam as obras do shopping da parada 50? Segundo ele, disseram que começaria em quarenta dias, depois da aprovação do projeto de lei que unificou os terrenos e mudou uma rua de lugar. Uma hora sai, Maurício. Uma hora sai.

Coluna publicada em 27 de março de 2010.

A diva

Emocionante o programa que marcou o retorno de Hebe Camargo, segunda-feira passada, depois do período de tratamento contra tumores descobertos no início do ano. A loira octogenária é patrimônio de nossa televisão, visto que é uma das poucas que reina, absoluta desde que o tubo de vidro bombardeado por raios catódicos foi implantado no Brasil, na década de 50, pelas mãos de Assis Chateubriand.
Não assisti até o final, mas a parte que vi foi suficiente para lamentar quão pobre anda a nossa tevê, não pelo que a Hebe apresentou, mas pelo que outros programas apresentam. Não sei, mas acho essa interatividade perseguida por muitos veículos de comunicação, com a internet, um tanto nociva para estas mídias. Eu ainda acho que tevê é tevê, rádio é rádio e jornal é jornal! Estes veículos utilizarem a web para ampliar o seu raio de ação até é valido, mas buscar conteúdo na rede internacional já está se tornando chato.
Tem gente que vai justificar que a originalidade hoje em dia está na produção caseira, que muita gente está aproveitando a ‘nuvem’ para se expressar, para mostrar ao mundo o seu valor, sua cultura. Não discordo. Só acho que junto com os exemplos positivos, tem muita porcaria também. E esta porcaria é que está poluindo a nossa tevê, porque na ânsia de parecerem moderninhas e democráticas nossas redes estão esquecendo que entretenimento é coisa séria.
Será o fim?
Às vezes fico imaginando o que será de nossa tevê quando não tivermos mais estes eternos ícones, criados quando a tevê ainda era em preto e branco, como Hebe Camargo e Silvio Santos
Avatar, a decepção
Muita gente acha que foi sacanagem o longa ( e põe longa nisso) Avatar não ter levado a maioria dos prêmios que fora indicado, no Oscar deste ano. Mais do que uma aventura futurística em um mundo distante, o filme de James Cameron abusou dos clichês e eu, na segunda vez que assisti ao filme, menos encantado com as maravilhas que a computação gráfica pode nos proporcionar, lembrei de pelo menos uma dúzia de filmes com o mesmo surrado enredo.
Se aquilo não é azul...
A direção do Internacional nega, mas antes de me considerar daltônico fiz uma pequena enquete entre alguns amigos e poucos afirmaram que o calção de treino do Colorado, que aparece em imagens no site do clube, não era azul. Aqui no DV todos concordaram que o uniforme tinha um tom azul marinho, bem escuro. Nada que lembrasse as cores do Grêmio. O Dickow até achou bacana, elogiou bastante.
Por isso uma dica aos colorados: sem neurose, gente! Sem neurose!
Maresia...
Está no site do jornalista Políbio Braga: lixo encontrado pela nova administração do DCE da UFRGS não é apenas ideológico, porque também foram identificados focos nutridos de lixo contábil e lixo seco de variadas naturezas.
No decorrer das obras atuais de recuperação da sede principal, o advogado do DCE da UFRGS, Regis Coimbra, foi chamado pelo pessoal da faxina, porque os operários encarregados de consertos no forro da sala da diretoria encontraram muita maconha. A droga foi retirada e entregue à Brigada Militar. As investigações começarão por oitivas da diretoria anterior, toda ela ligada ao PSOL. O líder anterior, Rodolfo Mohr, é CC da vereadora Fernanda Melchiona, do PSOL. Ele foi derrotado nas eleições do mês passado.
Piada ou verdade?
Em um concerto da banda U2 em Lisboa, Bono Vox pediu silêncio ao público e começou a bater palmas, e breves intervalos. Em seguida, olhando para o público que estava em silêncio, disse emocionado:
- Eu quero que vocês pensem bem nisso: a cada batida de minhas mãos, uma criança morre na África!
Então surgiu nas arquibancadas, num grito alto, uma voz lusitana:
- Então pára de batêire, ó filho d’uma égua!

Coluna publicada em 13 de março de 2010.

sábado, 6 de março de 2010

Conteúdo

Desde que iniciei a coluna aqui no DV tento cumprir um ritual. Tenho a tarefa de entregar a coluna o mais cedo possível, na sexta-feira, para que os nossos editores não fiquem preocupados com o meu material. É chegar na redação, puxar na caixa de mensagens, diagramar e está feito, só falta todo o resto do Diário para fazer. Não quero ser um fardo para os meus amigos, mas de vez em quando perco os prazos. Sempre chego do futebol da quinta-feira, tomo um banho e vou pro editor de texto (expressão dos primórdios da informática!) colocar em bits e bytes (olha aí outra!) algumas idéias.
Sempre releio a minha coluna no sábado e logo em seguida começo a pensar na próxima. Aí as idéias começam a correr pela mente (algumas correm tanto que eu não alcanço mais) e essa busca de um novo texto me tortura até a quinta. Não adianta. Não consigo preparar nada antes. Mesmo que consiga algo na segunda ou na terça me sinto impedido de sentar e transferir pro editor. Espero até o prazo se esgotar. Acho que é a prática que trouxe da arquitetura. Nós sempre deixamos nossos projetos para a última hora, nunca está pronto. Por maior que sejam os prazos oferecidos sempre fica tudo pra ser finalizado ‘em cima do laço’. E isso é torturante.
E quando as idéias não vêm?
E quando são muitas idéias?
E quando são idéias enormes que não cabem num espaço sabatinal?
Porque você há de concordar: não dá pra continuar um assunto na próxima semana. Fica morno e insosso demais. Ninguém tem a obrigação de acompanhar o colunista semanalmente e esperar que ele desenrole seus argumentos, feito episódios das matinês dos cinemas de antigamente. Tem que ser na bucha. Acertar na “cabeça e no primeiro ao quinto”.
Na coluna inaugural saí escrevendo e não me preocupei com o tamanho da coluna. Fiquei em casa pensando: será que vai caber? Será que vai sobrar espaço? Mas com o tempo a gente vai se acostumando com o espaço oferecido. Configurei a página do Word para ter o espaço e o tamanho de letra que o pessoal usa aqui no jornal e tem dado certo. E contorno vez por outra a falta de assunto com amenidades, como esta. Lá se foram dois terços da coluna e até aqui tudo bem. Mas agora esse cartucho já está detonado. Vamos ter que inventar outras desculpas pra falta de idéias.

Nem querendo
Ao final do desfile das escolas de samba em Tarumã, eu e o Tom Padilha, ao voltarmos para casa, passando pela Avenida Liberdade, constatamos o que muita gente ainda não se deu contas. O carnaval que as escolas apresentaram na passarela montada no Autódromo não cabe mais nas ruas de Viamão. Não tem propósito querer enfiar as seis escolas de samba (e que em 2011 parece que serão dez) na apertada via principal da Santa Isabel. Sem contar que seria um martírio para a população que mora nas redondezas.
Tinha dito antes que levar para as ruas o espetáculo que cresceu em qualidade e quantidade no Autódromo seria um retrocesso. Ainda bem que não deram este passo para trás. Parabéns ao pessoal da Assencarv, ao Magno e ao Helio Ortiz pela organização. Grande sacada. Entraram para a história do Carnaval viamonense.
Coluna publicada em 06 de março de 2010.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Poucas palavras

Etilicamente falando bebi muito pouco na minha vida. Dos vinte um aos vinte e oito anos, só isso. Um dia cheguei à conclusão que não valia a pena. Álcool é pra quem gosta e eu definitivamente não gosto. Nem como bengala, para desinibir no grupo, a cerveja fazia a minha cabeça. Descobri que papo de gambá começa a ficar chato depois de trinta minutos. E essa regra valia mesmo quando eu era o protagonista das conversas.
Também depõe contra mim (ou a favor) o fato de nunca ter usado qualquer tipo de drogas. Nem cigarro, que juridicamente não é droga e nem é ilícita. Então nunca “viajei”, como dizem. Sei lá, nunca tive vontade de experimentar. E também, por incrível que pareça nunca me ofereceram. Os poucos amigos que usavam sempre tiveram a decência (usuário de drogas tem decência?) de não consumirem perto de mim. E acabei nunca atravessando a “fronteira”. Estes mesmos amigos, quando conversávamos sobre o problema das drogas, se admitiam a fraqueza, me diziam que eu não deveria experimentar, que aquilo não era bom e ia acabar me estragando a vida. Acreditei e continuei distante. E agradeço a preocupação deles. Estavam certos.
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O problema de quem não bebe, não fuma e não “viaja” é que não tem desculpa para suas declarações ou atitudes. Não adianta. Neguinho além de ser um chato de galocha é cobrado por tudo o que fala ou escreve. E não tem conserto. “Pô, dá um desconto, o cara tava pra lá de Bagdá, Não queria dizer aquilo”. Não tem conversa. Ou se entrar num supermercado e acabar com a seção dos hortifrutigranjeiros? Nada justifica. Quem vive de cara limpa tem que agüentar as conseqüências, não pode vacilar.
Por isso muitas vezes a saída é usar do bom humor (ou mau humor, também, que seja!) para algumas declarações. Assim, com certa ironia, as pessoas podem ficar em dúvida se você está realmente falando sério. E fica mais fácil a absolvição por qualquer esparrela. As declarações acabam perdendo a dramaticidade.
Entendidos
Gurizada tá pegando no meu pé porque agora virei, segundo eles, comentarista de Carnaval, mas não sei a diferença entre paetê e lantejoula. Não sei mesmo. E até nem me preocupo com estas questões. A discussão que tentamos promover é mais profunda, sobre a cultura carnavalesca que é muito forte em Viamão, ainda que alguns não acreditem. Ainda assim, não fico incomodado com algum rótulo de “entendido” em Carnaval. Até porque a formação de arquiteto é tão ampla que abrange muitas manifestações e ajuda a treinar a mente para o bom gosto. Até serve de sugestão a algumas figurinhas locais: façam arquitetura!
Jogar para a galera
Meu amigo Sérgio Freitas, o popular Branco, secretário da Cultura ensaiou uma enquete durante o seu discurso, na abertura do Carnaval Xô! que a prefeitura organizou na Santa Isabel. Ao microfone, Branco afirmou que os “entendidos” de carnaval em Viamão querem tirar o desfile da Avenida Liberdade e perguntou para o público presente o quê eles achavam, e a galera que ocupava as arquibancadas, gratuitamente, para ver quatro mirrados desfiles, respondeu que não deveriam retirar o carnaval da Santa Isabel, obviamente.
Ampliar a enquete
Pois eu acho que o Branco deveria ampliar, então, este debate e se preocupar também com a opinião dos outros. Tem que perguntar para os comerciantes que tiveram o comércio prejudicado pelo fechamento da Liberdade. Para os taxistas, para os motoristas, para os usuários dos ônibus e depois repetir a enquete lá no Centro e nas demais vilas de Viamão. Aí sim vamos ter o povo representado nesta pesquisa que ele começou.
Domingo é o canal
Se querem fazer o desfile na Santa Isabel, porque não fazem então no domingo à tardinha. Não atrapalha o comércio e a Liberdade já é impraticável neste dia, tomada por carros, motos e algazarra. Outra sugestão é que façam o desfile entre a Rua Diamantina e a Padre Guilherme, na altura do número 2037. Ali não tem como atrapalhar a mobilidade e o trânsito, pois se trancaria apenas uma grande quadra. Olha só! Virei entendido de trânsito também.
Coluna publicada em 27 de fevereiro de 2010.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

De bom tamanho

Não dá para reclamar da sétima colocação da Unidos de Vila Isabel, no Carnaval de Porto Alegre. A posição nos impede de retornar, entre as seis primeiras, para o desfile das campeãs hoje à noite, mas temos que considerar ainda que fomos a mais bem colocada entre as escolas de fora da Capital. E aí temos que lembrar que estas escolas das outras cidades da Região Metropolitana, segundo alguns integrantes da Vila Isabel, recebem muito mais apoio, não só de suas prefeituras, mas também da comunidade. E isso faz a diferença.
Não acho que a prefeitura tem a obrigação de injetar grana na Vila. Mas acho que tem que fazer mais por esta agremiação. Se nós somarmos toda a exposição na mídia televisiva, durante o ano, acho que este valor não chega nem perto de uma hora e dez minutos, tempo que a Vila Isabel ocupa durante os desfiles de carnaval, em rede estadual. E olha que eu nem estou contando a matéria que a RBSTV exibiu no Jornal do Almoço, que passou dos dez minutos e as vinhetas da escola de samba.
Nota Déisss!
O que nós temos que lamentar, na verdade, é a falta de notas máximas nos quesitos julgados. Nossa bateria, que nos anos anteriores recebeu festejadas notas ‘dez’, este ano ficou devendo, e olha que estava primorosa, na minha opinião. Outros quesitos que sempre ajudaram na pontuação da Vila também não mostraram toda a sua potencialidade e isso foi sentido em toda a escola.
Se no ano passado a Vila Isabel mostrou muita garra, com paixão à flor da pele, com todo mundo querendo dar tudo de si por uma boa colocação, este ano senti que os integrantes e a coordenação estavam um pouco desanimados. Acho que já sentiam que seria difícil fazer um grande espetáculo. A Vila chegou ao seu limite, com o que tem à sua disposição. Para fazer melhor, precisa de mais. E parece que infelizmente, em Viamão, vai ser difícil ter mais.
Do lado de fora
Eu e o Daniel Hilário fizemos uma conta sobre o número de integrantes da Vila. Andando pelo Porto Seco, no barracão da escola, a gente percebe que para cada três componentes que vão desfilar, existe um que vai para ficar do lado de fora. É a namorada do ritmista, a amiga da passista, a mãe do destaque. Esse povo não entra na passarela, fica do lado de fora e corre da concentração para a dispersão, para acompanhar, pelo menos estes dois momentos da Vila Isabel.
Então se a Vila chega para o desfile com 1100 componentes, ficam de fora e poderiam estar engrossando o nosso exército de foliões, no mínimo, mais 350 integrantes. Essa gente tem que se alistar nas fileiras da alegria ou vamos acabar com uma escola minguada e com sérias chances de não participar do “super” grupo, previsto para 2013.
O trânsito, de novo
Boa a reportagem do DV sobre os gargalos do trânsito, aqui do Centro. Ontem pela manhã fiquei quase duas horas parado na esquina da Cirurgião Vaz Ferreira com a Gal. Câmara, atrás da Igreja Matriz. Neste período cinco carros e mais uma meia dúzia de motocicletas não respeitaram as orientações do trânsito e entraram em ruas daquele entorno na contramão, ou descendo a Crescêncio de Andrade ou tomando a José Marcelino de Figueiredo, para acessar a José Garibaldi.
Conversando com um comerciante da região, tentei justificar os erros dos condutores, percebendo que a Corsan está fechando trechos da Vaz Ferreira, para a instalação da moderníssima rede de esgoto cloacal que começa a funcionar em 2011, mas este logo interrompeu:
- Que obra que nada! Quando não tem obra eles também entram na contramão para atalhar. Disse o comerciante.
Aí fica difícil, ainda mais sem fiscalização.
Cine Santa Isabel
Para quem não vai ao litoral este final de semana, uma boa dica é assistir ao grande indicado ao Oscar deste ano, Avatar, que ainda está em cartaz no Cine Santa Isabel.
Não é 3D, mas vale a pena e comparando com os preços dos cinemas de Porto Alegre, é praticamente de graça: quatro pilas! E ainda tem um excelente ar condicionado e uma gostosa pipoquinha com guaraná. Vai lá e te diverte!

Coluna publicada em 20 de fevereiro de 2010.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Engarrafamento de idéias

Enfim as entidades que representam os comerciantes se manifestaram a respeito das mudanças do trânsito e não é de estranhar as considerações feitas pelos presidentes da Acivi e Sindilojas. Na minha visão, a principal queixa das entidades foi quanto aos estacionamentos. Ou a falta deles.
Correta a manifestação do André Pacheco, lembrando que o certo seria privilegiar o caminhante, melhorando as calçadas das ruas centrais. Ele usou Porto Alegre como exemplo, onde o trânsito é reduzido, em prol do pedestre. Só não podemos esquecer que Viamão não tem uma densificação tão expressiva como a Capital.
E isso é decorrência não só do planejamento urbano. O mercado, como um todo, tem grande influência nesta condição e o que vemos aqui em Viamão é uma baixa ocupação territorial, o que não justificaria esta ansiedade do Governo Municipal de ampliar o nosso centro comercial. Prova disso são as verdadeiras “chácaras” que existem em plena Vila Setembrina. Sem contar com o grande latifúndio que é o terreno da empresa de ônibus.
Uma informação que o André Pacheco, que representa também o setor imobiliário, poderia nos passar é a velocidade de relocação dos imóveis aqui em Viamão. Isso porque a gente vê um monte de lojas que fecham suas portas e seus espaços não abrem mais, vide a antiga loja da Colombo. Esta velocidade é um dos fatores, entre outros, que justifica a expansão e a criação de novos pontos comerciais.
Maurício Della Cesare
Considero um desrespeito ao contribuinte e uma imoralidade no uso de veículos públicos. Me contaram que numa estranha “cortesia” da empresa que vende os carros para a Prefeitura de Viamão, a frota já vem da loja equipada com película escura nos vidros. E não é uma película qualquer. É a mais escura e fora da norma possível.
Eu sou contra este tipo de filme nos vidros de qualquer automóvel e considero o uso de películas em carros oficiais um desrespeito com o povo. Nem no carro oficial do prefeito, deveria ter proteção nos vidros. Afinal, quem está a serviço do povo não pode se esconder atrás de vidros escuros. É uma imoralidade!
Os carros mais antigos da frota, também estão sendo escurecidos É só circular pelas ruas do município para ver os carros da Prefeitura com seus vidros escuros.
Acho que a “transparência” (gostei do trocadilho, Maurício) das administrações públicas passa também pela visibilidade dos seus servidores quando em serviço. Com este filme não sabemos quem está dentro dos carros ou o que está realmente fazendo. E se a razão é o conforto térmico dos tripulantes do automóvel já existem filmes transparentes, que não deixam os vidros escuros e não deixam os raios ultravioletas e os infravermelhos entrarem nos carros.
Sarita Truillo
Senhor Eduardo, o senhor não se cansa de só criticar o que a prefeitura faz? Será que não existe nada que possa ser elogiado? O senhor é muito cruel quando não reconhece os avanços que temos alcançado nesta administração. Eu sinceramente fico chocada com a sua má vontade e volta e meia me pergunto a serviço de quem o senhor estaria.
Pessoas como o senhor, nem deveriam ter espaço para escrever estas barbaridades. Parece que está sempre de mal com a vida e não enxerga as coisas boas que estão acontecendo em nossa cidade, fruto da dedicação de nosso prefeito.
Estou pensando seriamente em abandonar a leitura de sua coluna, que é um espaço que você (Ué! Antes era senhor) usa para perseguir as idéias e realizações petistas.
Marcos Ubirajara
Escobar, depois de conferir as mudanças do trânsito do Centro, fiquei preocupado com as intenções de mexerem aqui na Santa Isabel também. Sinceramente o povo agradece, mas preferimos deixar como está.
Aproveito para perguntar se não vão proibir o estacionamento ali em frente ao Paradão da Bento, pois está difícil de passar ali e vai ficar pior ainda quando a cidade voltar a funcionar em março.
Muita calma nesta hora
Pessoal, foram só umas modificações no trânsito. Ninguém construiu um muro dentro de Viamão. Dá para refazer tudo! Se não for nesta administração, se o próximo prefeito quiser, pode voltar tudo como era antes. Nossos filhos e netos nem vão perceber.

Coluna publicada em 13 de fevereiro de 2010.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Plano B

Nunca escondi que não gosto do Plano Diretor, construído com a participação popular em 2006. Sabem disso os técnicos da prefeitura, os meus colegas de profissão e os vereadores. Aí quando me perguntam algo sobre o Plano, sabem que vou criticar. E se perguntam o que é preciso fazer, respondo prontamente que temos que reformar esta lei. Não há nada mais a fazer.

Agora a Prefeitura acena com a possibilidade de reforma do Plano Diretor e até marcou uma série de reuniões para ouvir a comunidade (só falta avisar a população), e se vocês pensam que estou animado com a decisão, estão todos enganados.

Primeiro porque a reforma desta lei (a 3530/2006) tinha que ser convocada durante a Conferência Municipal da Cidade, realizada em dezembro do ano passado. Lá é que deveria ter sido deliberado o calendário das reuniões, o regimento dos encontros e como de daria a participação da comunidade.

Alguns conselheiros do Concivi dizem ser desnecessária esta formalidade, mas convenhamos, o foro legítimo para assuntos desta natureza deve sempre ser a conferência, pelo menos para que a representatividade seja assegurada à população.

Depois porque nestes três anos de existência da lei o que nós queríamos mesmo, ver implementadas, eram as leis complementares previstas na redação do Plano Diretor. Nada avançou nesta cidade pela falta destas leis complementares. E não adianta dizer que dava para se virar com o que já existia porque é uma desculpa esfarrapada. Nosso Código de Obras (que deveria ser revisado há dois anos, conforme o Plano Diretor aprovado) já perdeu sua razão de existir. O microzoneamento, tão necessário, jamais foi incluído em qualquer discussão. Então convocar a população para reformar uma lei que nem conseguiu ser aplicada em sua plenitude é, no mínimo, falta de bom senso.

Uma saída para Viamão

Achei que iam parar, mas depois das mudanças no trânsito, do Centro, o pessoal voltou à carga pedindo para que eu coloque aqui na coluna as impressões (não as minhas, as deles) sobre as reformas. No geral, o pessoal está preocupado com a falta de informações e que está difícil cruzar a cidade já que, segundo a maioria, a intenção parece ser facilitar a vida de quem quer sair de Viamão.

O nó do Hospital

Não tinha entendido o porquê da SMTT não incentivar o uso da Coracy Prates da Veiga como acesso ao Hospital, para quem vem pela Bento Gonçalves. Passei pela rua que fica bem em frente ao portão da Emergência, esta semana, e entendi o motivo. Se carros estacionarem nos dois lados da via, não dá pra passar. A rua é muito estreita. Só proibindo o estacionamento em um dos lados.

Também ficou perigoso o encontro da Isabel Bastos com a Bento. Quem vem da primeira entra direto e não respeita a preferência e a placa de pare, na esquina da Bento Gonçalves.

Cadê a vaga que estava aqui?

Se eu não me engano, uma das promessas do Executivo, com as mudanças, era permitir que em alguns lugares, voltasse o estacionamento oblíquo, como ocorria antigamente defronte o Nacional.

Vou esperar uma manifestação da Acivi e dos comerciantes do Centro, mas eu tenho a ligeira impressão que, ao contrário do que foi dito pela administração municipal, não aumentou o número de vagas no Centro. Parece que muitas evaporaram com as reformas do trânsito.

Coluna publicada em 06 de fevereiro de 2010.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Atenção: 2010 à frente

Leitor não tem idéia de como a turma gosta de pautar esta coluna. Perguntaram-me, esta semana, se eu não iria escrever alguma coisa sobre as modificações no trânsito do Centro. Já escrevi! Há mais ou menos seis meses, quando a alterações foram anunciadas. Agora resta esperar para ver se vai funcionar, e acredito particularmente que vai melhorar, é só questão de tempo.
Até porque a configuração que funcionou até hoje também teve seu momento de crise e depois se resolveu. Já disse antes: não dá para fazer milagre em uma estrutura colonial como é o Centro de Viamão.
Para inglês ver
Minha única crítica é quanto às placas de orientação que, com exceção daquela junto ao cruzamento da Garibaldi com a RS-118, não indicam nenhuma vila do município. Neguinho sai do Centro e só tem orientação para as outras cidades.
O futuro aqui e agora
Até que o Fórum se mude para a Bento Gonçalves, daqui a uns quatro ou cinco meses, advogado que nunca veio à Viamão vai ficar dando voltas na entrada da cidade.
Sugestan
Sabe o que seria legal? Aquelas placas que usam nas cidades do interior, com um monte de setinhas que apontam para todos os espaços e prédios relevantes, como museus, campos de futebol, bancos, praças, ‘praínhas’. Quase sempre se enfileiram pela rua principal e são uma mão na roda para quem é de fora. Sem contar que em um município do tamanho de Viamão ajudariam a população a conhecer os serviços e equipamentos que existem na cidade.

Paciência
Amigos dizem que já desistiram, faz tempo. Como bom viamonista, tento resistir, mas a cada dia tenho menos paciência com algumas figurinhas capelistas. E isso que eu sou do tipo que procuro predicados e álibis para defender as atitudes e pensamentos desta turma. Só que estão se transformando em um prato cheio para a promotoria.
BBB
Outra coisa irritante é esse Big Brother Brasil. Faz tempo que não assisto e sei da movimentação da casa pelos jornais e pelas rodas de conversa. Não sei como ainda tem gente que sonha em entrar na casa. Tem que ser muito esquisito para sonhar com isso. Peraí, sendo esquisito entra.
Piadinha cibernética
Um grande cientista americano acaba de concluir o mais moderno projeto de computador já realizado. Ele é capaz de fazer pesquisas inteligentes apenas com comandos verbais. O chefe do projeto, para garantir a perfeição do produto, faz uma pergunta:
- Onde está meu pai?
O computador dá a resposta imediatamente:
- Seu pai está pescando no Pantanal.
O chefe do projeto está arrasado. Depois de tantos anos de pesquisa e trabalho, a primeira resposta do computador está errada. Diz ao seu assistente:
- Tem um bug em algum lugar. Meu pai morreu há 10 anos. A pergunta era uma armadilha.
Toda a equipe reestuda o projeto, mas antes do novo teste alguém sugere:
- Que tal formular a pergunta de outro jeito? Talvez o computador tenha feita uma interpretação errada.
O chefe do projeto concorda e refaz a pergunta:
- Onde está o marido de minha mãe?
O computador responde com sua voz metálica:
- Ele morreu. Mas seu pai ainda está pescando no Pantanal.

Coluna publicada em 30 de janeiro de 2010.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Gastronomia política

Uma das questões que ia “pegar” neste início de ano, se o Haiti não tivesse tremido tanto, era a proposta do Governo Lula de controlar o conteúdo editorial dos meios de comunicação sob o pretexto de que os organismos de comunicação não têm tanto poder (e direito) de opinar sobre a maneira como se conduz o futuro político e econômico da nação. Antecipando-me (e preparando) para esta possibilidade, lembrei que durante os tristes “anos de chumbo” uma das alternativas dos editores ao poder da censura era publicar, nos espaços vetados, inofensivas receitas de culinária, mas que não passavam despercebidas pela opinião pública.
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Enroladinho à Setembrina
Ingredientes:
- sete escolas de samba viamonenses;
- uma rádio comunitária
- políticos de ocasião (a gosto)
- uma passarela do samba
- público (o que você conseguir juntar)
- alegorias e fantasias
- um secretário de cultura (para o molho Branco)
Modo de preparo:
Limpe e desosse as escolas de samba e reserve. Comece a cozinhar a rádio comunitária em fogo baixo, mas de vez em quando tempere para deixá-la bem apimentada. Corte os políticos em tiras bem fininhas, e coloque no fundo de uma panela de ferro. Você vai ter que colocar todos os outros ingredientes por cima para abafar os políticos durante o cozimento.
Em uma passarela do samba, bem apertada e desconfortável acomode o público em duas camadas, sobre o papel machê das alegorias. Junte o molho “branco” que você preparou com o secretário de Cultura e deixe descansar.
Ao final, jogue as escolas de samba, e leve ao forno. Sirva decorada com as fantasias para que o prato fique bem bonito.
Dicas:
As escolas de samba podem ser adquiridas em um kit, associadas e já amaciadas.
Dê preferência por políticos com ambições estaduais, são mais fáceis de cozinhar.
E fique atento: rádios comunitárias são ariscas e só devem ser abatidas na hora do preparo, para não estragarem o prato.
Se você não gostar do sabor das escolas de samba, e preferir um sabor mais gauchesco, pode optar por tradicionalistas ao invés de carnavalescos.
Como sobremesa apresente aos seus convidados um delicioso arroz com leite.
Tempo de preparo: quarenta dias
Rendimento: dois mandatos.
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Janeiristas
Uma infinidade de amigos e colegas faz aniversário em janeiro, o que me faz pensar que este mês é o melhor para nascer (ou abril seja o melhor para fazer sexo). Só no dia nove de janeiro, dia do meu aniversário, tenho meia dúzia de amigos. Ainda vamos colocar em prática o plano de irmos todos juntos àqueles restaurantes que prometem não cobrar a conta dos aniversariantes
Por isso mando um abraço para todos os meus irmãos janeiristas e agradeço o carinho daqueles que lembraram do meu aniversário. Ao que não tiveram o privilégio de nascer no primeiro mês do ano, só posso lamentar.
Ajuda ao Haiti
Louvável a atitude dos servidores do Grupo Hospitalar Conceição que se alistaram para colaborar na reconstrução do Haiti. Um funcionário do GHC me cochichou que não irão de graça, mas com gordas gratificações. Será? E ninguém se habilita para resolver o caos do Conceição
Filosofia barata de hospital
Para nós, que não temos pressa de morrer, o SUS realmente funciona. Mas só depois que entrar no sistema.
Perguntinha que não quer calar
Se a Corsan vai furar toda a cidade, para quê então continuamos calçando e pavimentando novas ruas?
Coluna publicada em 23 de janeiro de 2010.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Santo de casa

O espaço que o Diário de Viamão reserva para o desporto talvez seja o mais lido e acompanhado do jornal e o Dickow está substituindo o Daniel (que está de férias) à altura, e não poderia ser diferente. O Carlos manja muito de futebol e de jornal, então quando as duas coisas encaixam, sai de baixo. Avisei esta semana que iria utilizar uma coluna do Carlos para escrever a minha. No fundo uso este pretexto para ampliar a discussão que começou na coluna da editoria de Esportes, terça-feira passada, quando o Carlos lembrou a potencialidade de nosso futsal, a respeito da contratação do Choco como diretor da categoria lá no Paladino, em Gravataí, e lamentou que em Viamão não exista a mesma mentalidade e assim, “prata da casa”, gente daqui, vai ajudar a fazer o nome de nossa vizinha do Vale. Tomara que tudo dê certo, nesta empreitada do Choco, lá na terra da GM.

O Choco merece

Torço para que tudo dê certo, de verdade, porque, acima de tudo, quem conhece a trajetória do Choco, sabe que ele merece tudo de bom, por tudo o que fez pelo futsal nacional. Por onde passou o Choco brilhou e sem dúvida nenhuma é um dos maiores vencedores da história do salonismo brasileiro.

A estrutura daqui

O Dickow lamentou, também, que aqui em Viamão não tenhamos a mesma estrutura para desenvolver uma equipe de nível metropolitano e até mesmo estadual, o que faz parte dos planos do Paladino (e é para isso que eles fizeram a parceria com o Choco). E é mesmo de se lamentar.

Mas se pararmos para analisar, nunca tivemos a mentalidade necessária para criar esta estrutura. Somos uma cidade que cresceu sem a cultura desportiva de origem nos clubes sociais, o que é regra em outras cidades. Aqui no Centro, o Tamoio nunca conseguiu desenvolver o espírito de agremiação. Não passa de um campo de futebol numa das áreas mais nobres da Vila Setembrina e nem o seu quase vizinho de quadra, o Clube dos Casados também consegue animar qualquer sonho de uma aventura esportiva em prol de Viamão.

Mas nos orgulhamos em ter um clube com requintes campestres bem no coração da cidade. O Cantegril, que vive de seu passado de glórias, hoje decadente, se transformou numa cidadela que atrapalha o crescimento e só distancia ainda mais as nossas vilas. O que chegou mais perto de uma iniciativa poliesportiva é a Sogisi, na Santa Isabel, que há pouco tempo encerrou seu quadro de Bolão e sobrevive não se sabe por meio de que tipo de negociata. É só um grande ginásio que bota comida na mesa de uma meia dúzia de famílias, mas ninguém ousa abrir a “caixa-preta”.

Iniciativa privada

Sobrariam as quadras que promovem os nossos torneios locais, mas acho que nenhum “dono de quadra” está a fim de se transformar em gestor de um time municipal. Até porque isso passa por uma reengenharia pessoal e profissional e demanda muito tempo e dinheiro, e como investimento, começar do zero é muito arriscado.

Por isso que o Choco fez esta parceria com o clube de Gravataí. Fora o Paladino já ser uma instituição tradicional, vale a relação com a cidade e a mobilização que pode acontecer no empresariado local para apoiar o time. Exemplo disso é o Cerâmica, que vai receber uma valiosa mão da GM, para voltar logo à primeira divisão.

Deixe a Prefeitura de fora

Aí o Carlos lembra que seria tudo diferente se a Prefeitura apoiasse o esporte, se colocasse o CeMuCulDouCarPinMennet à disposição para a criação de uma equipe local. Mas quem conhece o ginásio municipal sabe que não existe estrutura para isso. O Carlos sabe! Todo mundo sabe!

Só para lembrar, no ginásio do Paladino existem três mil lugares fixos e mais dois mil e poucos que podem ser arranjados em questão de horas. No nosso centro de cultura se pudéssemos acomodar cento e cinqüenta pessoas já seria bom demais. Em nome da “pluralidade das manifestações culturais”, fizeram um palco maior que a quadra de esportes, que não terminaram e duvido muito que um dia terminem. Não com essa política de atenção à Cultura que reina por aqui.

Então não adianta conclamar a Prefeitura para ser parceira. Entrar com boa vontade, na hora de pegar para valer, para realmente se estruturar um time viamonense de futsal, para nos representar, não basta. Não mesmo!

Coluna publicada em 16 de janeiro de 2009.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Amizades

Numa das tantas releituras de final de ano, tão pobre em entretenimento televisivo, um material sobre a Segunda Guerra Mundial me municiou para mais uma das teorias que perturbam o sono por dias. Muitas não sobrevivem a uma noite de insônia, mas esta insistia com sucessivas reprises, então fiquei na obrigação de registrar e compartilhar com os amigos leitores.

O material falava da banalidade com que os alemães tratavam a questão do extermínio dos judeus. Fiquei particularmente impressionado com o texto de um manual de instruções de uma fábrica de fornos de cremação para os campos de concentração que ensinava, não só como operar, mas também dava dicas para a otimização de seu uso, melhorando o “custo x benefício” do equipamento. Se hoje, lembrar disso só pode nos deixar horrorizados, como deveriam se sentir os que descobriam a crueldade do holocausto judeu naquela época.

Mas não é essa a tese. O que não me saía do pensamento foi como uma nação inteira embarcou nesta loucura, que a mente doentia de Hitler desenhou para justificar a possível dominação do mundo pela raça ariana. E cheguei à triste conclusão de que Hitler não tinha amigos. Isso mesmo, amigos. E nem podia, era louco-de-atar!

E pensar que poderíamos ter poupado o mundo da maior guerra de todos os tempos se o louco ditador alemão tivesse apenas um amigo, confidente, centrado, nem precisava ter um Q.I. muito desenvolvido. Unzinho só, com coragem de enfrentar as idéias malucas do pintor frustrado e combinar a cor das meias com a cor dos sapatos.

- Adolf, tu tá falando de judeus!

- Claro, o que você pensou que fosse?

- Baratas!

- Baratas?

- Sei lá... Ratos, talvez...

- Ratos? Eu estava falando de judeus!

- Mas aquela história de pragas que deterioram a base da sociedade alemã. Corroendo a nossa economia, colocando em risco as nossas famílias...

- Então... Judeus!

- Não Adolf... Baratas! Só falta tu dizer que depois vamos exterminar os ciganos.

- Sim! Malditos ciganos!

- Adolf... Tu tá maluquete... Foi alguma coisa que tu fumou?

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Dizem que a História se encarrega de absolver alguns personagens que, em seu tempo, protagonizaram episódios lamentáveis. Isso felizmente não se aplica aos que cometeram barbáries incomensuráveis. E essa minha teoria nem de longe justifica a loucura e as atrocidades cometidas pela onda nazista que varreu a Europa durante pouco mais de 20 anos. Apenas reforço que ditadores, assim agem e se deixam levar por idéias malucas e megalomaníacas, pela simples falta de senso do ridículo e muitas vezes não são salvos de seus devaneios pela falta de alguém que os traga de volta à realidade.

E não escapa nenhum tipo de déspota. Desde os que comandam grandes nações, com ímpetos de conquistar o mundo, até os mais comezinhos e paroquianos. Todos eles carecem de uma mão amiga, de uma consciência externa que remova estes pensamentos mesquinhos e minimalistas que acham que podem resolver tudo extinguindo obstáculos a sua sede de poder. Sejam estes, seres humanos ou simples baratas.

Bloco na rua

Escrevi anteriormente que se “eles” não respeitassem a vontade dos carnavalescos e insistissem com a idéia de repetir o Carnaval participativo na Santa Isabel, estaríamos diante de um erro difícil de ser consertado. E disse também que se a Assencarv se dobrasse a esta vontade “deles”, como já havia feito durante as tratativas, o Carnaval de Viamão entraria em declínio, desacreditado, e que levaria pelo menos dez anos para se reerguer, mesmo com injeções cavalares de recursos, pois o resultado claro e evidente era o desrespeito “deles” e da sociedade que não veria com bons olhos toda essa submissão de uma entidade que representa um grande e forte segmento cultural. Fizeram bem as escolas de samba de Viamão quando optaram por novamente desfilar em Tarumã e com certeza, toda a estrutura montada em 2009, vai estar aperfeiçoada e todos desfilarão com o respeito e o carinho que merecem! Parabéns Assencarv e tenham certeza que estarei lá, não para brincar na Passarela, mas auxiliando no que for preciso.

Coluna publicada em 09 de janeiro de 2010.