sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Atenção: 2010 à frente

Leitor não tem idéia de como a turma gosta de pautar esta coluna. Perguntaram-me, esta semana, se eu não iria escrever alguma coisa sobre as modificações no trânsito do Centro. Já escrevi! Há mais ou menos seis meses, quando a alterações foram anunciadas. Agora resta esperar para ver se vai funcionar, e acredito particularmente que vai melhorar, é só questão de tempo.
Até porque a configuração que funcionou até hoje também teve seu momento de crise e depois se resolveu. Já disse antes: não dá para fazer milagre em uma estrutura colonial como é o Centro de Viamão.
Para inglês ver
Minha única crítica é quanto às placas de orientação que, com exceção daquela junto ao cruzamento da Garibaldi com a RS-118, não indicam nenhuma vila do município. Neguinho sai do Centro e só tem orientação para as outras cidades.
O futuro aqui e agora
Até que o Fórum se mude para a Bento Gonçalves, daqui a uns quatro ou cinco meses, advogado que nunca veio à Viamão vai ficar dando voltas na entrada da cidade.
Sugestan
Sabe o que seria legal? Aquelas placas que usam nas cidades do interior, com um monte de setinhas que apontam para todos os espaços e prédios relevantes, como museus, campos de futebol, bancos, praças, ‘praínhas’. Quase sempre se enfileiram pela rua principal e são uma mão na roda para quem é de fora. Sem contar que em um município do tamanho de Viamão ajudariam a população a conhecer os serviços e equipamentos que existem na cidade.

Paciência
Amigos dizem que já desistiram, faz tempo. Como bom viamonista, tento resistir, mas a cada dia tenho menos paciência com algumas figurinhas capelistas. E isso que eu sou do tipo que procuro predicados e álibis para defender as atitudes e pensamentos desta turma. Só que estão se transformando em um prato cheio para a promotoria.
BBB
Outra coisa irritante é esse Big Brother Brasil. Faz tempo que não assisto e sei da movimentação da casa pelos jornais e pelas rodas de conversa. Não sei como ainda tem gente que sonha em entrar na casa. Tem que ser muito esquisito para sonhar com isso. Peraí, sendo esquisito entra.
Piadinha cibernética
Um grande cientista americano acaba de concluir o mais moderno projeto de computador já realizado. Ele é capaz de fazer pesquisas inteligentes apenas com comandos verbais. O chefe do projeto, para garantir a perfeição do produto, faz uma pergunta:
- Onde está meu pai?
O computador dá a resposta imediatamente:
- Seu pai está pescando no Pantanal.
O chefe do projeto está arrasado. Depois de tantos anos de pesquisa e trabalho, a primeira resposta do computador está errada. Diz ao seu assistente:
- Tem um bug em algum lugar. Meu pai morreu há 10 anos. A pergunta era uma armadilha.
Toda a equipe reestuda o projeto, mas antes do novo teste alguém sugere:
- Que tal formular a pergunta de outro jeito? Talvez o computador tenha feita uma interpretação errada.
O chefe do projeto concorda e refaz a pergunta:
- Onde está o marido de minha mãe?
O computador responde com sua voz metálica:
- Ele morreu. Mas seu pai ainda está pescando no Pantanal.

Coluna publicada em 30 de janeiro de 2010.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Gastronomia política

Uma das questões que ia “pegar” neste início de ano, se o Haiti não tivesse tremido tanto, era a proposta do Governo Lula de controlar o conteúdo editorial dos meios de comunicação sob o pretexto de que os organismos de comunicação não têm tanto poder (e direito) de opinar sobre a maneira como se conduz o futuro político e econômico da nação. Antecipando-me (e preparando) para esta possibilidade, lembrei que durante os tristes “anos de chumbo” uma das alternativas dos editores ao poder da censura era publicar, nos espaços vetados, inofensivas receitas de culinária, mas que não passavam despercebidas pela opinião pública.
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Enroladinho à Setembrina
Ingredientes:
- sete escolas de samba viamonenses;
- uma rádio comunitária
- políticos de ocasião (a gosto)
- uma passarela do samba
- público (o que você conseguir juntar)
- alegorias e fantasias
- um secretário de cultura (para o molho Branco)
Modo de preparo:
Limpe e desosse as escolas de samba e reserve. Comece a cozinhar a rádio comunitária em fogo baixo, mas de vez em quando tempere para deixá-la bem apimentada. Corte os políticos em tiras bem fininhas, e coloque no fundo de uma panela de ferro. Você vai ter que colocar todos os outros ingredientes por cima para abafar os políticos durante o cozimento.
Em uma passarela do samba, bem apertada e desconfortável acomode o público em duas camadas, sobre o papel machê das alegorias. Junte o molho “branco” que você preparou com o secretário de Cultura e deixe descansar.
Ao final, jogue as escolas de samba, e leve ao forno. Sirva decorada com as fantasias para que o prato fique bem bonito.
Dicas:
As escolas de samba podem ser adquiridas em um kit, associadas e já amaciadas.
Dê preferência por políticos com ambições estaduais, são mais fáceis de cozinhar.
E fique atento: rádios comunitárias são ariscas e só devem ser abatidas na hora do preparo, para não estragarem o prato.
Se você não gostar do sabor das escolas de samba, e preferir um sabor mais gauchesco, pode optar por tradicionalistas ao invés de carnavalescos.
Como sobremesa apresente aos seus convidados um delicioso arroz com leite.
Tempo de preparo: quarenta dias
Rendimento: dois mandatos.
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Janeiristas
Uma infinidade de amigos e colegas faz aniversário em janeiro, o que me faz pensar que este mês é o melhor para nascer (ou abril seja o melhor para fazer sexo). Só no dia nove de janeiro, dia do meu aniversário, tenho meia dúzia de amigos. Ainda vamos colocar em prática o plano de irmos todos juntos àqueles restaurantes que prometem não cobrar a conta dos aniversariantes
Por isso mando um abraço para todos os meus irmãos janeiristas e agradeço o carinho daqueles que lembraram do meu aniversário. Ao que não tiveram o privilégio de nascer no primeiro mês do ano, só posso lamentar.
Ajuda ao Haiti
Louvável a atitude dos servidores do Grupo Hospitalar Conceição que se alistaram para colaborar na reconstrução do Haiti. Um funcionário do GHC me cochichou que não irão de graça, mas com gordas gratificações. Será? E ninguém se habilita para resolver o caos do Conceição
Filosofia barata de hospital
Para nós, que não temos pressa de morrer, o SUS realmente funciona. Mas só depois que entrar no sistema.
Perguntinha que não quer calar
Se a Corsan vai furar toda a cidade, para quê então continuamos calçando e pavimentando novas ruas?
Coluna publicada em 23 de janeiro de 2010.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Santo de casa

O espaço que o Diário de Viamão reserva para o desporto talvez seja o mais lido e acompanhado do jornal e o Dickow está substituindo o Daniel (que está de férias) à altura, e não poderia ser diferente. O Carlos manja muito de futebol e de jornal, então quando as duas coisas encaixam, sai de baixo. Avisei esta semana que iria utilizar uma coluna do Carlos para escrever a minha. No fundo uso este pretexto para ampliar a discussão que começou na coluna da editoria de Esportes, terça-feira passada, quando o Carlos lembrou a potencialidade de nosso futsal, a respeito da contratação do Choco como diretor da categoria lá no Paladino, em Gravataí, e lamentou que em Viamão não exista a mesma mentalidade e assim, “prata da casa”, gente daqui, vai ajudar a fazer o nome de nossa vizinha do Vale. Tomara que tudo dê certo, nesta empreitada do Choco, lá na terra da GM.

O Choco merece

Torço para que tudo dê certo, de verdade, porque, acima de tudo, quem conhece a trajetória do Choco, sabe que ele merece tudo de bom, por tudo o que fez pelo futsal nacional. Por onde passou o Choco brilhou e sem dúvida nenhuma é um dos maiores vencedores da história do salonismo brasileiro.

A estrutura daqui

O Dickow lamentou, também, que aqui em Viamão não tenhamos a mesma estrutura para desenvolver uma equipe de nível metropolitano e até mesmo estadual, o que faz parte dos planos do Paladino (e é para isso que eles fizeram a parceria com o Choco). E é mesmo de se lamentar.

Mas se pararmos para analisar, nunca tivemos a mentalidade necessária para criar esta estrutura. Somos uma cidade que cresceu sem a cultura desportiva de origem nos clubes sociais, o que é regra em outras cidades. Aqui no Centro, o Tamoio nunca conseguiu desenvolver o espírito de agremiação. Não passa de um campo de futebol numa das áreas mais nobres da Vila Setembrina e nem o seu quase vizinho de quadra, o Clube dos Casados também consegue animar qualquer sonho de uma aventura esportiva em prol de Viamão.

Mas nos orgulhamos em ter um clube com requintes campestres bem no coração da cidade. O Cantegril, que vive de seu passado de glórias, hoje decadente, se transformou numa cidadela que atrapalha o crescimento e só distancia ainda mais as nossas vilas. O que chegou mais perto de uma iniciativa poliesportiva é a Sogisi, na Santa Isabel, que há pouco tempo encerrou seu quadro de Bolão e sobrevive não se sabe por meio de que tipo de negociata. É só um grande ginásio que bota comida na mesa de uma meia dúzia de famílias, mas ninguém ousa abrir a “caixa-preta”.

Iniciativa privada

Sobrariam as quadras que promovem os nossos torneios locais, mas acho que nenhum “dono de quadra” está a fim de se transformar em gestor de um time municipal. Até porque isso passa por uma reengenharia pessoal e profissional e demanda muito tempo e dinheiro, e como investimento, começar do zero é muito arriscado.

Por isso que o Choco fez esta parceria com o clube de Gravataí. Fora o Paladino já ser uma instituição tradicional, vale a relação com a cidade e a mobilização que pode acontecer no empresariado local para apoiar o time. Exemplo disso é o Cerâmica, que vai receber uma valiosa mão da GM, para voltar logo à primeira divisão.

Deixe a Prefeitura de fora

Aí o Carlos lembra que seria tudo diferente se a Prefeitura apoiasse o esporte, se colocasse o CeMuCulDouCarPinMennet à disposição para a criação de uma equipe local. Mas quem conhece o ginásio municipal sabe que não existe estrutura para isso. O Carlos sabe! Todo mundo sabe!

Só para lembrar, no ginásio do Paladino existem três mil lugares fixos e mais dois mil e poucos que podem ser arranjados em questão de horas. No nosso centro de cultura se pudéssemos acomodar cento e cinqüenta pessoas já seria bom demais. Em nome da “pluralidade das manifestações culturais”, fizeram um palco maior que a quadra de esportes, que não terminaram e duvido muito que um dia terminem. Não com essa política de atenção à Cultura que reina por aqui.

Então não adianta conclamar a Prefeitura para ser parceira. Entrar com boa vontade, na hora de pegar para valer, para realmente se estruturar um time viamonense de futsal, para nos representar, não basta. Não mesmo!

Coluna publicada em 16 de janeiro de 2009.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Amizades

Numa das tantas releituras de final de ano, tão pobre em entretenimento televisivo, um material sobre a Segunda Guerra Mundial me municiou para mais uma das teorias que perturbam o sono por dias. Muitas não sobrevivem a uma noite de insônia, mas esta insistia com sucessivas reprises, então fiquei na obrigação de registrar e compartilhar com os amigos leitores.

O material falava da banalidade com que os alemães tratavam a questão do extermínio dos judeus. Fiquei particularmente impressionado com o texto de um manual de instruções de uma fábrica de fornos de cremação para os campos de concentração que ensinava, não só como operar, mas também dava dicas para a otimização de seu uso, melhorando o “custo x benefício” do equipamento. Se hoje, lembrar disso só pode nos deixar horrorizados, como deveriam se sentir os que descobriam a crueldade do holocausto judeu naquela época.

Mas não é essa a tese. O que não me saía do pensamento foi como uma nação inteira embarcou nesta loucura, que a mente doentia de Hitler desenhou para justificar a possível dominação do mundo pela raça ariana. E cheguei à triste conclusão de que Hitler não tinha amigos. Isso mesmo, amigos. E nem podia, era louco-de-atar!

E pensar que poderíamos ter poupado o mundo da maior guerra de todos os tempos se o louco ditador alemão tivesse apenas um amigo, confidente, centrado, nem precisava ter um Q.I. muito desenvolvido. Unzinho só, com coragem de enfrentar as idéias malucas do pintor frustrado e combinar a cor das meias com a cor dos sapatos.

- Adolf, tu tá falando de judeus!

- Claro, o que você pensou que fosse?

- Baratas!

- Baratas?

- Sei lá... Ratos, talvez...

- Ratos? Eu estava falando de judeus!

- Mas aquela história de pragas que deterioram a base da sociedade alemã. Corroendo a nossa economia, colocando em risco as nossas famílias...

- Então... Judeus!

- Não Adolf... Baratas! Só falta tu dizer que depois vamos exterminar os ciganos.

- Sim! Malditos ciganos!

- Adolf... Tu tá maluquete... Foi alguma coisa que tu fumou?

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Dizem que a História se encarrega de absolver alguns personagens que, em seu tempo, protagonizaram episódios lamentáveis. Isso felizmente não se aplica aos que cometeram barbáries incomensuráveis. E essa minha teoria nem de longe justifica a loucura e as atrocidades cometidas pela onda nazista que varreu a Europa durante pouco mais de 20 anos. Apenas reforço que ditadores, assim agem e se deixam levar por idéias malucas e megalomaníacas, pela simples falta de senso do ridículo e muitas vezes não são salvos de seus devaneios pela falta de alguém que os traga de volta à realidade.

E não escapa nenhum tipo de déspota. Desde os que comandam grandes nações, com ímpetos de conquistar o mundo, até os mais comezinhos e paroquianos. Todos eles carecem de uma mão amiga, de uma consciência externa que remova estes pensamentos mesquinhos e minimalistas que acham que podem resolver tudo extinguindo obstáculos a sua sede de poder. Sejam estes, seres humanos ou simples baratas.

Bloco na rua

Escrevi anteriormente que se “eles” não respeitassem a vontade dos carnavalescos e insistissem com a idéia de repetir o Carnaval participativo na Santa Isabel, estaríamos diante de um erro difícil de ser consertado. E disse também que se a Assencarv se dobrasse a esta vontade “deles”, como já havia feito durante as tratativas, o Carnaval de Viamão entraria em declínio, desacreditado, e que levaria pelo menos dez anos para se reerguer, mesmo com injeções cavalares de recursos, pois o resultado claro e evidente era o desrespeito “deles” e da sociedade que não veria com bons olhos toda essa submissão de uma entidade que representa um grande e forte segmento cultural. Fizeram bem as escolas de samba de Viamão quando optaram por novamente desfilar em Tarumã e com certeza, toda a estrutura montada em 2009, vai estar aperfeiçoada e todos desfilarão com o respeito e o carinho que merecem! Parabéns Assencarv e tenham certeza que estarei lá, não para brincar na Passarela, mas auxiliando no que for preciso.

Coluna publicada em 09 de janeiro de 2010.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Tarumã é a alternativa, outra vez


Assencarv anuncia desfile do Carnaval Competitivo no Autódromo de Tarumã, pelo segundo ano consecutivo

A Associação das Entidades Carnavalescas de Viamão – Assencarv – anunciou, na noite de segunda-feira (04/01), a provável data e local do desfile do Carnaval Competitivo das escolas de samba de Viamão. Será no dia 27 de fevereiro, no Autódromo de Tarumã. Com esta decisão, referendada por todas as escolas filiadas à associação, fica de uma vez por todas sepultada qualquer possibilidade de participação das sete escolas de samba viamonenses no Carnaval organizado pela Prefeitura Municipal. “A Prefeitura conhece nossa posição com relação ao Carnaval Participativo e temos certeza que o Carnaval viamonense só poderá crescer se for encarado como uma competição sadia entre as escolas de samba”, defende Magno Castro, presidente da Assencarv.

Reunidos na sede da Sol Maior, na Vila Martinica, as agremiações que compõem a Assencarv, deliberaram ainda sobre toda a programação relativa ao Carnaval de 2010, que começa já no próximo sábado, com o Festival de Sambas Enredo e que prevê ainda a escolha da Corte de 2010, por enquanto sem data definida. “Nossas entidades estão envolvidas o ano todo com os acontecimentos ligados ao samba. Realizamos inúmeros eventos, sempre com o objetivo de fazer uma grande festa em fevereiro, por isso lamentamos a posição da Prefeitura que novamente nos apresentou uma alternativa que não respeita a grandeza da comunidade carnavalesca de Viamão, nem e a nossa história”, lamenta Bráulio Silva, o popular Alemão, presidente da Barão do Upacaraí, uma das mais tradicionais escolas de samba do Oitavo Distrito.

Pressão e frustração nas quadras

Desde o final de novembro passado as escolas de samba e a Assencarv cobravam da municipalidade uma definição sobre o Carnaval de 2010. Na sexta feira anterior ao Natal, os presidentes reivindicaram mais uma vez junto ao Gabinete do prefeito, uma posição sobre o desfile, uma vez que o trabalho nas quadras jsegue acelerado. “A parceria deste ano com a Aecpars nos deu tranqüilidade para tocarmos nosso Carnaval e todo o trabalho com fantasias e adereços está bem encaminhado, só precisávamos da definição do prefeito Alex”, disse Marcela Goulart, presidente da Sol Maior. Mas se na sexta-feira, eles não tiveram um resposta, a reunião com o secretário de Cultura, Sérgio Freitas, na terça-feira, dia 29, acabou com qualquer esperança dos carnavalescos de apresentar um espetáculo competitivo, nas ruas do Centro de Viamão.

As escolas decidiram, então, que não participarão do Carnaval que a Prefeitura anunciou para o dia 20 de fevereiro, na Santa Isabel, por entenderem que nem o local, nem a forma como se dará o desfile são interessantes. “A avenida Liberdade (na Santa Isabel) já mostrou que não comporta o Carnaval que queremos apresentar e o modelo participativo também não é atraente para o futuro de nossas escolas de samba”, explica Magno. Segundo ele, desde o ano passado, quando a Assencarv definiu que não desfilaria na Liberdade e optou por organizar seu desfile no Autódromo de Tarumã, a Prefeitura tinha conhecimento das intenções dos carnavalescos de Viamão. “Até a Brigada Militar achou melhor que o Carnaval fosse no Autódromo e o público que nos prestigiou aprovou a mudança. Este ano tínhamos um indicativo de realizarmos o desfile no Centro de Viamão, que tem melhores condições de segurança e conforto, sem falar que em uma avenida mais larga, como a Marcos de Andrade (principal avenida da cidade) temos condições de evoluir melhor com nossas alegorias”, completa o presidente da Unidos de Vila Esmeralda, Paulo Henrique Vanacor.

Com a decisão da Assencarv de realizar o desfile novamente no Autódromo de Tarumã, o Desfile das Campeãs, evento programado inicialmente para o dia 27 de fevereiro vai ter que ser reestudado. Essa é a avaliação do ex-presidente da Assencarv, Hélio Ortiz, que com recursos da Lei Rouanet, estava preparando uma grande festa com a participação de escolas de samba de várias cidades do Estado. “Temos que repensar a noite do Carnaval no Autódromo e encontrar uma solução que seja interessante para a Assencarv e para o nosso evento. Mas algumas questões ainda terão que ser discutidas para que não reste nenhuma dúvida sobre a nossa parceria”, disse Ortiz.

Afastado da direção da entidade viamonense por exigência do próprio prefeito, como condição para que a Prefeitura dialogasse com as escolas de samba de Viamão, Ortiz lembra que o Desfile das Campeãs que está organizando e o Carnaval Competitivo, que pretende a Assencarv, são dois eventos completamente distintos. “A responsabilidade pelo Carnaval Competitivo de Viamão é da direção da Assencarv. Somos parceiros, mas temos que dividir responsabilidades administrativas e financeiras, que não poderão ser absorvidas apenas por uma parte”, explica.

Cidade sem cultura

Ex-secretário de Cultura de Viamão, Helio Ortiz lamenta a maneira como tem sido conduzida a Cultura do município nos últimos anos. “No ano passado, o prefeito Alex cruzou os braços para o Carnaval, para os tradicionalistas, não apoiou de forma direta nenhum evento cultural na cidade, além de não promover a Conferência Municipal de Cultura, que acabou sendo mobilizada pela Câmara de Vereadores. Era de se esperar que este ano ele também não respeitasse a vontade dos carnavalescos, outra vez”, lamenta.

Já o presidente da Império da Vila Planalto, Alessandro Silva, diz estar preocupado com o que a Prefeitura vai apresentar à comunidade dia 20 de fevereiro, na Avenida Liberdade. “Ano passado alegaram não ter condições de ajudar financeiramente as escolas de samba viamonenses, mas apareceram recursos para contratar as escolas de Porto Alegre, que se apresentarem para um público espremido pelos cordões de isolamento. Agora dizem novamente que não têm dinheiro para fazer o nosso Carnaval. Espero, sinceramente, que alguém fiscalize”, finalizou.

Entenda o caso

>> Depois de quase 20 anos inativa a Associação das Entidades Carnavalescas de Viamão – Assencarv, ressurgiu em 2008 com a intenção de renovar a maior festa popular de Viamão, que nas décadas de 1970 e 1980, era um dos mais tradicionais carnavais da Região Metropolitana.

>> A entidade levou ao prefeito Alex Boscaini a proposta de realizar um Carnaval Competitivo e definiu como melhor local para a realização do evento o Autódromo de Tarumã.

>> A Prefeitura foi contra a idéia por entender que a iniciativa tinha caráter privado (a Assencarv estipulou como ingresso, simbolicamente, um quilo de alimento não perecível que foi doado ao Banco de Alimentos, da ONG Parceiros Voluntários) e não apoiou o evento.

>> Uma tonelada de alimentos, recolhidos durante o desfile de 2009 e através do Banco de Alimentos, foi entregue às entidades assistenciais de Viamão.

>> Paralelamente, a Prefeitura organizou um desfile na Avenida Liberdade, na Santa Isabel, boicotada pela Assencarv, contratando escolas de samba de Porto Alegre.

>> Na noite de 14 de março, sete escolas de samba de Viamão se apresentaram para um público de quase cinco mil pessoas e a Volta da Figueira sagrou-se campeã do Carnaval de 2009.

>> Além das sete escolas, desfilaram ainda como convidadas a Unidos de Vila Isabel e a Império do Sol, de São Leopoldo, além do projeto social Academia do Vasquinho, da Vila Safira.

>> Em 2009 a Assencarv indicou a possibilidade de voltar a desfilar novamente nas ruas da cidade, mas sempre demonstrou preferência pela Avenida Marcos de Andrade, no Centro, por ser mais larga e para resgatar a história dos antigos carnavais de Viamão.

>> O prefeito Alex Boscaini admitiu negociar com a entidade mas impôs, como condição o afastamento do então presidente da Assencarv, Hélio Ortiz, ex-secretário de Cultura no primeiro mandato de Boscaini.

>> Hélio Ortiz apresentou sua renúncia à entidade e assumiu o vice-presidente, Magno Castro, que iniciou as tratativas com o Poder Executivo, imediatamente, referendado pelos presidentes das escolas de samba de Viamão.

>> Uma parceria da Assencarv com a Aecpars (Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul) garantiu 100 mil reais para que as escolas de samba realizassem o Carnaval de 2010.

>> Paralelamente, Hélio Ortiz, organizou o Desfile das Campeãs, no Autódromo de Tarumã, programado para o dia 27 de fevereiro. O evento foi aprovado pelo Ministério da Cultura e teve autorizada a captação de recursos através da Lei Rouanet.

>> No dia 29 de dezembro, depois de quase quarenta dias de silêncio, o secretário de Cultura apresentou aos presidentes das escolas de samba de Viamão o modelo de Carnaval Participativo, que será organizado pela Prefeitura no dia 20 de fevereiro, na Santa Isabel com início previsto para as 19 horas e término às 24 horas, impreterivelmente.